O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, manifestou preocupação com o ingresso de leite em pó uruguaio e soro de leite dos Estados Unidos no mercado interno, durante debate na Expointer, em Esteio (RS), nesta quarta-feira. Com um saldo da balança comercial de lácteos negativo em US$ 85,8 milhões no primeiro semestre de 2010, os produtores rurais propõem medidas que inibam as importações. Uma das ações no combate às importações desleais seria o cancelamento das licenças automáticas para importação de leite desses países. Ao participar do Fórum Canal Rural Tendências e Desafios no Agronegócio do Leite, na Expointer, Rodrigo Alvim informou que o produto do Uruguai pressiona para baixo os preços pagos ao produtor na Região Sul. Somente em junho, o país vizinho enviou 1,136 mil litros de leite UHT para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, ao preço médio de R$ 1,07, o litro, (FOB). Já os Estados Unidos chegaram a exportar leite em pó desnatado a US$ 2,6 mil, a tonelada, em julho, enquanto a cotação do menor preço no mercado internacional nesse mês foi de US$ 2,8 mil a tonelada. Esse tipo de negociação é um indicativo de prática desleal de comércio. Caso as licenças de importação voltassem a ser não automáticas, como no ano passado, tal fato não ocorreria. Num sistema de concessão de licenças não automáticas, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) avalia caso a caso os pedidos de importação. Desde o início do ano, um dos maiores aumentos de importações de lácteos se deu em soro de leite. A quantidade comprada do exterior pelo Brasil passou de 1,548 mil toneladas, em janeiro, para 4,444 mil, em julho, aumento de 187%. "Por que está sendo importado soro de leite nesta quantidade, à medida que nos últimos três anos várias torres de leite em pó foram construídas no país?", questiona Alvim. O dirigente, no entanto, lembra que a principal causa da explosão das importações de lácteos está na política cambial, que retira competitividade do Brasil. Em sua avaliação, o real está sobrevalorizado. O resultado desse descompasso também se reflete no preço do leite ao produtor. Em agosto, o valor médio do litro no país ficou em R$ 0,69 por litro, abaixo dos verificados no mesmo mês em 2007, 2008 e 2009. Em maio deste ano, o litro chegou a valer R$ 0,79.