Mobilização pela renegociação de dívidas de produtores ganha apoio do Executivo
Lideranças do agro estiveram reunidas com Governador do Estado

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, realizou reunião, na segunda-feira (24/3) com as principais lideranças do agronegócio gaúcho no Palácio Piratini. Junto com representantes do Executivo Estadual, o grupo alinhou estratégias para enfrentar a crise contínua no setor rural, que tem sofrido com um padrão de eventos meteorológicos extremos cada vez mais intensos. O encontro focou na demanda ao governo federal por medidas emergenciais, em especial em relação às dívidas dos produtores, e, também, por estratégias para construir um futuro mais resiliente para o agronegócio do Estado.
Além do presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, do diretor vice-presidente, Domingos Velho Lopes, e do economista-Chefe, Antonio da Luz, também participaram do encontro representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), do movimento SOS Agro, da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Cotrijal e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs).
Os participantes enfatizaram que, embora a enchente histórica de maio de 2024 tenha tido grande visibilidade nacional, o Estado continua sofrendo severamente com a estiagem. Um dos pontos cruciais debatidos foi a dificuldade de se implementar soluções estruturantes, como sistemas de irrigação, enquanto os produtores enfrentam alto endividamento. "Não conseguimos avançar com a irrigação se o produtor está endividado. É preciso resolver essa questão", pontuou Leite.
A afirmação do governador vai ao encontro à posição de Gedeão Pereira que ressalta a necessidade de investimentos para as ações de enfrentamento aos eventos climáticos. Para isso, o produtor precisa capacidade de investimentos, o que torna ainda mais necessária a renegociação das dívidas atuais.
Quanto à securitização das dívidas, tema que tem mobilizado o setor, o grupo reconheceu os desafios envolvendo a proposta e a necessidade de buscar alternativas. "A securitização pode ser um caminho, mas precisamos também trabalhar com outras possibilidades para encontrar uma solução que dê mais sustentação ao setor", ponderou o governador.
Ficou definido que uma articulação política ampla será intensificada para avançar com as propostas. A ideia é buscar apoio com diferentes setores que possam contribuir para a aprovação das medidas necessárias. "Vamos trabalhar para reunir todos os atores políticos e econômicos que possam nos ajudar nessa missão. Esta não é uma pauta sobre dívidas do passado, mas uma necessidade para o futuro do Rio Grande do Sul e, por consequência, do Brasil", enfatizou Leite.
Também participaram do encontro o vice-governador Gabriel Souza e os secretários Artur Lemos (Casa Civil), Ernani Polo (Desenvolvimento Econômico), Clair Kuhn (Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação), Vilson Covatti (Desenvolvimento Rural) e Caio Tomazeli (Comunicação), além do líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes, e do deputado federal Pedro Westphalen.
CNA
E o primeiro passo dessa mobilização já foi dado no dia seguinte. Na terça-feira (25/3), com intermediação de Gedeão, Eduardo Leite, esteve na sede da CNA em Brasília para pedir apoio da entidade aos pleitos dos produtores. "Deixamos muito claro a necessidade do Rio Grande do Sul relacionada à renegociação das dívidas dos nossos produtores. Precisamos de todo o apoio possível, e a CNA é fundamental para construirmos um entendimento nacional sobre a situação do Estado", destacou Leite.
Mais cedo, o governador já havia se reunido com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion, na qual também apresentou a situação do agronegócio gaúcho e as propostas que estão sendo elaboradas pelo governo estadual em conjunto com entidades do setor.
Durante as agendas, Leite reforçou que as negociações em curso não se limitam a resolver problemas do passado, mas visam garantir condições para investimentos futuros. "Sabemos que não é sobre resolver simplesmente o passado dessas dívidas constituídas, mas é sobre dar capacidade aos nossos produtores para tomarem crédito e obterem financiamento para investirem no futuro, especialmente na proteção das nossas lavouras", ressaltou. No próximo dia 31 está marcada uma nova reunião no Palácio Piratini com integrantes do Governo do Estado, deputados estaduais e federais e entidades do setor.