Farsul

Evento identifica espaços de crescimento para a pecuária gaúcha

Evento identifica espaços de crescimento para a pecuária gaúcha




Apesar dos avanços em produtividade e qualidade de animais enviados a abate nos últimos anos, a pecuária gaúcha ainda tem espaço para evoluir, atendendo a um mercado mundial crescente. O tema foi debatido na manhã desta quinta-feira (10.12), em Santa Maria, no seminário De Onde Virão os Terneiros?, organizado pelo Sistema Farsul. Palestrante do evento, o gerente de fomento do frigorífico Marfrig no Estado, Diego Alagia Brasil, elogiou a realização dos debates, a fim de estimular melhores práticas no campo."Se aumentarmos em 10% a taxa média de desmame, precisamos abrir mais cinco frigoríficos no Rio Grande do Sul", disse. "Hoje, temos um peso de carcaça (no Estado) em média 40 quilos inferior ao Uruguai. Isso por problemas de manejo, nutrição, alimentação", complementou. "Ainda temos 1 milhão de bois acima de 36 meses no campo. Se substituíssemos isso por vacas, poderíamos ter mais 700 mil terneiros por ano, e aí sim ter novas plantas frigoríficas", comentou o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira. Brasil ainda lembrou que o produtor e a indústria terão de trabalhar cada vez mais juntos para atender à demanda de um planeta que deve chegar a 9 bilhões de habitantes em 2050, 35% a mais do que hoje. Somente nos próximos oito anos, as exportações mundiais de carne bovina devem crescer 25%, passando de cerca de 8 milhões de toneladas hoje para 10 milhões de toneladas até 2023, segundo o USDA. "O desafio não é apenas aumentar a produção. Temos de trabalhar em um tripé de responsabilidade ambiental, responsabilidade social e bem-estar animal. Hoje temos fortes cobranças dos grandes grupos de varejo para que desenvolvamos junto com nossos fornecedores esses conceitos. O mundo não vai consumir alimentos, se não forem produzidos dessa forma", disse. Já o professor Leonir Pascoal, do Departamento de Zootecnia da UFSM e integrante do grupo Pecpampa, que realiza pesquisas no Frigorífico Silva, de Santa Maria, demonstrou que o consumo decarnes (frango, suína e bovina) no Brasil, cerca de 100 quilos per capita, é elevado, especialmente se comparado com outros mercados emergentes, como China, onde o consumo por cabeça é a metade do brasileiro, aproximadamente. "Se os chineses tivessem nosso padrão de consumo, comeriam todo nosso rebanho em um ano, icluindo terneiro, vacas", afirmou Pascoal. Ele ainda relatou a evolução das características de abate no Frigorífico Silva, onde efetua a pesquisa. A fim de buscar nichos de mercado e se diferenciar dos concorrentes, a unidade mudou seu perfil nos últimos anos. Com auxílio de bonificações ao produtor, de até 10%, por qualidade, a planta aumentou a parcela de animais jovens entre os abatidos de 44,3% em 2006 para 77,8% em 2014. O abate de novilhos dente-de-leite passou de 5,5% a 14,3% no período. Além disso, atualmente 65% do abate no Silva é de animais pelo menos 5/8 de sangue de raças britânicas. "As mangueiras de frigoríficos gaúchos mudaram muito nos últimos cinco anos. Estão vermelhas e pretas", afirma. Mesmo os animais de outras origens genéticas entregues hoje, são normalmente mais jovens, com carne superior, acrescentou. O De Onde Virão os Terneiros? compõe a 75ª Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio e é realizado por Senar-RS, com promoção da Farsul e Casa Rural e apoio do Departamento de Zootecnia da UFRGS e Sindicato Rural de Santa Maria. Redação: Sebastião Ribeiro