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Dados de comportamento alimentar de bovinos encerram Congresso Internacional de Pecuária de Corte

Dados de comportamento alimentar de bovinos encerram Congresso Internacional de Pecuária de Corte


Dados do comportamento alimentar de bovinos de três dos principais países produtores de carne desfilaram no Congresso Internacional de Pecuária de Corte, no Auditório do CIEE, que encerrou no final da tarde desta sexta-feira (21/11). Os participantes do encontro tiveram a oportunidade rara, em Porto Alegre, de receber atualizações de conteúdos científicos com origens nos Estados Unidos, Brasil e Argentina. O evento terminou com palestras sobre genética bovina ao alcance da mão. Uma tecnologia já disponível através de marcadores moleculares para uma seleção mais eficiente. Um mito feito realidade, por Henry Berger, e sobre Manejo da Cadeia forrageira e boas práticas de procedimento para melhorar a produtividade. Manejo eficiente do rodeio de cria e na recria de novilhas, idades para dar serviço, por José Fernando Piva Lobato, professor de Pecuária de Corte e Forrageiras do Departamento de Zootecnia da Ufrgs. Algumas das boas-novas foram reveladas pelo geneticista Thomas Jenkins, do Clay Center, nos Estados Unidos, onde é especialista em seleção e modelos de produção de bovinos. O geneticista mostrou equipamentos que monitoram o consumo de alimentos em bovinos confinados. Um dos estudos foi iniciado há cinco anos e deverá ter continuidade pelos próximos 15 anos, apesar de já permitirem a formação de uma base de dados que aponta para o desenvolvimento da eficiência alimentar de animais que recebem concentrados. Por meio de chips que identificam os bovinos, o Clay Center monitora o consumo de ração de cada unidade, a partir de cochos com capacidade para 70 quilos de suplemento, volume que é colocado duas vezes ao dia. Cada unidade instalada custa US$ 9 mil. O sistema possibilita ainda monitorar a ingestão de água pelos animais, em especial as fêmeas. E são justamente as fêmeas que os norte-americanos direcionam ações diferenciadas. Nos últimos 10 anos, o rebanho baixou de 41 milhões de reprodutoras para 31 milhões de cabeças, estimadas atualmente. Apesar da redução da população de fêmeas, o país passou a produzir mais quilos de carcaças. Tudo para atender a demanda dos abatedouros, que pediram um alto volume de carne, ao redor de 370 quilos por animal", explicou Jenkins. Dados do Clay Center mostram a grande dependência que os 80.950 pecuaristas norte-americanos têm com a suplementação alimentar ao rebanho, que fornece carne para transformar os Estados Unidos em maior exportador, ofertando 27% ao mercado mundial. É para esse rebanho que o país desembolsa US$ 4,5 bilhões anuais apenas com ração, componente número um dos custos de produção dos pecuaristas daquele país. No Brasil, estudos envolvendo sistema de confinamento na pecuária de corte mostram que as 69 milhões de vacas consomem diariamente 1,2 trilhões de toneladas de ração, a um custo de R$ 7 bilhões por ano. O potencial brasileiro precisa contar com as culturas de verão e de inverno, que reduzem os custos de produção e permitem à pecuária de corte contribuir com expressivos 7,3% do Produto Interno Bruto total do Brasil. "A eficiência do sistema da pecuária de corte é levar o animal confinado na área onde há produção de grãos", acentuou o professor Dante Pazzanese Lanna, especialista em Nutrição de Gado de Corte da Universidade de São Paulo. Com terras reconhecidamente produtivas, a receita da Argentina é tornar o sistema de suplementação para o gado de corte como ponto de partida para alcançar a rentabilidade. "É o sistema se adaptando à empresa rural", ensinou o nutricionista Fernando Eluchans, que preside a Câmara Argentina de Empresas de Nutrição Animal (Caena). Uma empresa que precisa adotar ações específicas à atividade, como destinar um funcionário com capacidade e calma para fornecer a suplementação ao rebanho. "O funcionário precisa saber antes como funciona o sistema ruminante do bovino. Assim, não cometerá erros, nem excessos", acentuou. Entre as recomendações, o nutricionista frisou o fato de os proprietários terem de perseguir alguns objetivos para fornecer alimentação adequada ao rebanho. Entre eles estão itens como maximizar a produção de energia e proteínas, diminuir os desperdícios de proteínas em forma de amônia, manter intactas a saúde e o funcionamento ruminal do lote e fornecer uma dieta que não incorpore aditivos. "Um programa de alimentação aos bovinos exerce um controle de fermentação ruminal com uma variação mínima de acidez", explicou. Outro alerta do especialista americano focou ações de preservação ambiental. Diante do fato de a pecuária de corte estar sendo desafiada a se tornar mais socialmente responsável, o geneticista advertiu para a necessidade de a cadeia produtiva ter que lidar com a percepção do consumidor, que passou a comprar carne procedente de propriedades que não poluem. O Congresso Internacional de Pecuária de Corte foi uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio e da Emater/RS-Ascar, Sistema Farsul, Sebrae, Fetag-RS e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O patrocínio foi do Banrisul com apoio da Ufrgs, da Sociedade Rural Brasileira, da Associação Brasileira dos Criadores de Angus e Fepagro.