Farsul

Serra: ?Não existe agricultura do bem ou do mal?

Serra: ?Não existe agricultura do bem ou do mal?


É inadmissível o Brasil tratar de forma diferenciada a agricultura familiar e o agronegócio e, além disso, não garantir nenhum instrumento de apoio para o produtor rural de médio porte, criticou nessa quinta-feira, 01.07, José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República. Essa desaprovação foi um dos destaques do terceiro bloco de perguntas dirigidos ao ex-governador de São Paulo durante o Encontro com Presidenciáveis, evento realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG) e vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner questionou Serra sobre suas propostas em relação aos tributos incidentes na cadeia da produção agropecuária. Questionou também sobre soluções que são planejadas para suprir as deficiências de infra-estrutura. "Problemas nessa área afetam negativamente a formação de preços e a remuneração dos produtores", disse Schreiner. José Serra afirmou que o Brasil tem um novo pólo de expansão do crescimento. "O eixo dinâmico do desenvolvimento está se deslocando para cima. A faixa entre Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso será, daqui a 20 anos, como São Paulo, nivelando os padrões por cima", disse o candidato. Por isso, admitiu que será preciso estabelecer um novo sistema que garanta investimentos em infra-estrutura e logística. "Veja o caso do aeroporto de Goiânia, que está estrangulado. É só fazer uma concessão e está tudo resolvido", afirmou. O candidato reforçou posição contrária em relação à diferenciação entre pequenos produtores rurais e o agronegócio. "Não podemos ter dois ministérios que se contrapõem com políticas diferentes. Se é necessário ter dois ministérios, que sejam entrosados. O que ocorre hoje pode parecer uma coisa lúdica, mas do ponto de vista da administração, é algo extremamente ineficiente", declarou José Serra. O ex-governador paulista ressaltou que o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) não aplica a totalidade de recursos disponíveis. "No máximo 50% do que tem", disse. "Já o grande produtor tem outras formas para se financiar. E o produtor médio, tem quanto?", questionou. Para Serra, o atual mecanismo de apoio à produção agropecuária transformou a classe média rural em "uma grande minoria". "Não existe agricultura do bem ou do mal. Essa idéia é muito reacionária", afirmou o candidato do PSDB. Harmonia Serra voltou a criticar a separação entre agricultores familiares e agronegócio ao responder questionamentos do presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL) e vice-presidente diretor da CNA, Carlos Rivaci Sperotto, no bloco das perguntas regionais. O dirigente gaúcho explicou que a atual política prioriza o tamanho da área utilizada na produção, em detrimento da renda obtida na propriedade. Citou o exemplo registrado no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul na produção bem-sucedida e integrada de grãos, suínos e aves. "Lá agregamos valor, efetivamente, à produção rural. Como podemos dividir toda essa atividade em agricultura familiar e agricultura empresarial?", instigou Sperotto. "Tem o ministério para o pequeno e tem o ministério para o grande. Mas os médios produtores não têm nenhum ministério de centro. Isso não faz sentido. O mínimo necessário é alguma integração ou harmonia?, disse Serra. O candidato afirmou que, caso houvesse uma política eficiente de crédito, preços agrícolas garantidos e seguro rural não existiria nada disso", disse o ex-governador.