Farsul

Posição da Farsul sobre pesquisa do IBGE quanto aos biomas brasileiros

Posição da Farsul sobre pesquisa do IBGE quanto aos biomas brasileiros


Foi publicada neste dia 18/06 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE a pesquisa de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012, na qual entre diversas informações são apresentados os dados do desmatamento no país. Pela primeira vez foram divulgados resultados de todos os biomas brasileiros o que, diferente das outras edições onde somente o bioma Amazônia era avaliado, traz informações que se não bem tratadas podem induzir a sociedade a uma interpretação errônea dos dados. Uma destas possíveis distorções diz respeito ao fato da pesquisa indicar que o bioma Pampa é o segundo mais desmatado do país, com redução de 54% de sua área original de vegetação nativa, sendo menos desmatado apenas que o bioma Mata Atlântica, onde existem ainda somente 12% da flora original. Tal informação não reflete a realidade existente, em primeiro lugar porque não contextualiza a forma com que a substituição da vegetação nativa ocorreu pelos mais de 300 anos de exploração humana na região. Além disso, ao fornecer uma informação isolada, a pesquisa não considera o padrão de sociedade gerada em torno da produção agropecuária local, onde vivem mais de 2 milhões de pessoas ocupando apenas de 2% da área territorial do país. Vale lembrar ainda que os números apresentados refletem o fato de que em média, mesmo diante de inúmeras legislações existentes durantes os séculos de presença humana, o produtor rural deste bioma respeita a legislação ambiental, pois a área de reserva legal estabelecida pela primeira vez a partir do ano 2000, prevê preservação de 20% do território regional, portanto menos da metade da ainda hoje existente (46%). Deve-se ponderar ainda, a falta de critério para o estabelecimento do conceito de área desmatada para um bioma que não só se constitui já naturalmente por vegetação campestre, bem como que tem sua abrangência e zona de influência muito mais relacionadas a outros países do cone sul, onde recebe tratamento absolutamente diferenciado, do que propriamente com os demais biomas brasileiros.