Farsul

Lideranças exigem defesa da pecuária leiteira brasileira

Lideranças exigem defesa da pecuária leiteira brasileira


O setor produtivo de leite reitera ao governo federal a necessidade de adoção de medidas em defesa da pecuária nacional, de forma a garantir renda ao produtor, produtos a preços acessíveis ao consumidor brasileiro e superávits na balança comercial. Esta foi uma das conclusões de reunião dos cinco maiores estados produtores de leite, realizada nesta quarta-feira (11), na sede da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), em Belo Horizonte. Junto com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), as Federações da Agricultura e Pecuária de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina - estados que respondem por 68% da produção nacional - estão mobilizadas na busca de medidas para combater uma das mais graves crises enfrentadas pelo setor. Em plena entressafra, os preços ao produtor caíram 6% em julho em relação a junho, enquanto os produtos lácteos subiram no mesmo período. Para o presidentedas Comissões de Leite da FAEMG e da CNA, Rodrigo Sant?Anna Alvim, é um contrassenso os valores aos produtores continuarem caindo em um momento em que os preços dos queijos e do leite pó cresceram 1,5% e 1%, respectivamente, nos três últimos meses, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O único produto em baixa é o longa vida. "Não podemos ter o preço ao produtor balizado pelo leite UHT, que representa apenas 30% do mercado." Para o coordenador da comissão do leite da Farsul, Jorge Rodrigues, "está confirmada a preocupação dos produtores com a sinalização de baixa de preço ao produtor em virtude dessa importação de lácteos oriundos do Uruguai sem limitação." Comércio exterior Entre os motivos da crise do setor leiteiro estão as importações predatórias de lácteos. Foram revogadas as licenças de importações não automáticas do Uruguai, facilitando a entrada de produtos no Brasil. Também cresceram as compras de soro de leite: somente no mês de julho, entraram no país 4,5 mil toneladas. O volume é 86% superior à média do ano passado. Como o Brasil é autossuficiente na produção de soro, a CNA solicitou ao Ministério da Agricultura o rastreamento do produto importado, visando coibir fraudes. Com isso, o saldo da balança comercial de lácteos continuou em queda em julho. Segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o Brasil exportou US$ 13,4 milhões e importou US$ 28,7 milhões. No acumulado do ano, o déficit é de US$ 85,8 milhões, valor 108,3% maior que em igual período de 2009. A melhora nos preços das commodities lácteas em relação ao ano passado contribuiu para elevar o valor das importações, mas não foi suficiente para aquecer as exportações. Segundo Alvim, "a política macroeconômica, que mantém os juros elevados e distorce o câmbio, inviabiliza as exportações, jogando por terra o investimento feito pelo setor para se tornar um grande player no mercado internacional de lácteos". Se o governo não atender às reivindicações do setor, o período de safra no Centro-Sul, que começa em outubro, será ainda pior. Com o mercado inchado pela maior produção interna e importações, o produtor brasileiro ficará mais desestimulado a investir na atividade.