A senadora e presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, deve protocolar na próxima semana no Congresso Nacional um Projeto de Lei para que terras invadidas não possam ser demarcadas nos próximos três anos no Brasil. Para ela, a medida é essencial para a conquista de segurança jurídica e de paz para os produtores rurais. O anúncio foi feito nesta sexta-feira durante a cerimônia de inauguração oficial da 36ª Expointer, em espaço cedido pelo presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto. "Com o avanço do setor, a aplicação de novas tecnologias e a abertura de novos mercados, não podemos ter cabeça e braços no terceiro milênio e as pernas fincadas na Idade Média, discutindo direito e títulos de propriedade", defendeu a senadora, aplaudida por agricultores que realizavam manifestações contrárias à demarcação de terras. "Não se pode permitir que organismos internacionais disfarçados com passaporte brasileiro usem os índios do Brasil em uma guerra falsa. Nós sempre vivemos em paz, brasileiros brancos e índios", acrescentou. Os manifestantes foram presenteados com camisetas do Time Agro Brasil. A presidente da CNA comemorou o sucesso da safra de grãos deste ano, que deve chegar a 186 milhões de toneladas. A infraestrutura, porém, segue um desafio a ser vencido, e espera-se que com as concessões de rodovias e ferrovias e a exploração de outros modais de transporte, pauta defendida pelo setor rural, o Brasil se firme como potência no agronegócio. Kátia louvou ainda o trabalho do Congresso Nacional pela aprovação da MP dos Portos, mas lamentou o tempo perdido com essa questão. A senadora destacou ainda o Plano Safra e o aumento expressivo no seguro agrícola, que tem sido de extrema importância no socorro de estados como Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. "No último Plano, chegamos a R$ 700 milhões, mas nossa meta é alcançar R$ 2 bilhões nos próximos anos", afirmou a senadora. Fazendo coro a outras autoridades presentes, Kátia assinalou a importância de que os juros sejam compatíveis com a agricultura brasileira, levando em conta as dificuldades e intempéries enfrentadas pelo produtor. Além disso, reafirmou a necessidade de um programa de armazenamento que minimize os problemas enfrentados em portos e estradas e de um programa de irrigação que permita o aumento da produtividade sem agredir o meio ambiente. "Esperamos que após resolvermos o Código Florestal no Congresso Nacional, as licenças ambientais estaduais não sejam empecilho para o desenvolvimento da irrigação", disse. O investimento constante em tecnologia também foi um ponto destacado pela senadora, que lembra que foi ele que fez com que o agronegócio se diferenciasse dos demais setores - no segundo semestre de 2013, o PIB do agronegócio teve crescimento de 3,9%, enquanto a economia brasileira, de 1,5%. A luta pela busca de novos mercados esteve novamente presente no discurso da presidente da CNA, que considera essencial que sejam firmados acordos com União Europeia e Ásia e que o Brasil não siga com "amarras" no comércio exterior. "Somos capazes de atender não apenas abastecimento interno, mas também a demanda da Organização das Nações Unidas. Esperamos aumentar nossa produção em quase 80% até 2050, mais do que o dobro do exigido pela entidade", ressaltou. Também estiveram presentes na cerimônia o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, representando a presidente Dilma Rousseff, e do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, além de entidades representantes do setor rural. Rei Pelé fala à Farsul Antes de passar a palavra à senadora, Sperotto lembrou da expectativa pela presença do produtor Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé, na feira deste ano, adiada por problemas de saúde. "Ele pediu prorrogação para o ano que vem", brincou o presidente do Sistema Farsul. Para justificar a ausência, o ídolo do futebol brasileiro encaminhou uma mensagem ao público da Expointer. Por razões médicas, o ex-jogador não pôde comparecer. "O departamento médico vetou minha escalação na Expointer. Estou impedido de andar por toda a feira e procurar novidades para a minha fazenda, porque eu também sou produtor e criador. Que todos vocês tenham uma grande feira, e que todo o Time Agro Brasil continue dando alegrias para nosso país", disse no comunicado encaminhado a Sperotto.