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Farsul promove seminário sobre seleção genética no controle ao carrapato

Encontro trouxe especialistas brasileiros com atuação internacional no assunto


- Divulgação

Na manhã da terça-feira (03/10), a Farsul promoveu o seminário "Seleção Genética: desempenho animal e resistência ao carrapato". O encontro trouxe uma equipe de cientistas brasileiros, que atuam internacionalmente, para discutir a importância do melhoramento genético do rebanho gaúcho para aumentar a produtividade e combater a presença de carrapatos.
A abertura do simpósio foi feita pelo presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, que destacou o crescimento do problema com carrapatos na pecuária gaúcha nos últimos anos. "Quando o Dr. Lobato trouxe este tema para a Farsul, imediatamente oferecemos nosso apoio. A pecuária tem que encontrar os seus caminhos, e acreditamos que este tema da genética pode ser uma alternativa.", completou.
O organizador do encontro, José Fernando Piva Lobato, consultor técnico da Farsul, iniciou o trabalho introduzindo estudos da década de 1970, que já demonstravam a eficácia da seleção genética para o ganho de peso dos rebanhos. "Isso já era sabido a 49 anos atrás. Imaginem se isto tivesse sido posto em prática, o que nós teríamos de ganho genético hoje."
O primeiro painel do dia tratou da apresentação do estudo "Iniciativas globais para melhorar a resistência dos bovinos aos carrapatos por meio da seleção genômica", realizado pelos pesquisadores Fernando Cardoso, chefe geral da Embrapa Sul, e Heather Burrow, cientista da Universidade de Nova Gales do Sul. "As perdas de produção relacionadas ao carrapato chegam ao valor de US$ 3 bilhões por ano só no Brasil", apontou Cardoso. No mundo, 80% do gado de corte e leiteiro está exposto ao carrapato, o que gera um prejuízo anual entre 20 e 30 bilhões de dólares.
Em seguida o pesquisador brasileiro Laércio Porto-Neto, da agência australiana CSIRO, trouxe a apresentação "Seleção para competência imunológica - da estratégia a aplicação". O estudo, realizado com a raça Angus Australiano, pode ser aplicado em outras raças, segundo Porto-Neto. O pesquisador aponta que o território australiano tem várias semelhanças com o território da região sul do País, e que "os ambientes de produção estão mudando. Aqui na Austrália, quando chove, chove. E quando é seca, é seca mesmo." Os extremos climáticos, as redistribuições parasitárias e as doenças emergentes requerem uma preocupação e investimentos maior na melhoria da resiliência dos rebanhos.
O gaúcho Gabriel Campos, pesquisador da Purdue University, nos Estados Unidos, trouxe a apresentação "Seleção de bovinos de corte para a eficiência da produção auxiliada pelo genômica". Campos destacou que "nossos recursos naturais são finitos, por isso precisamos procurar sempre animais mais eficientes". Ao selecionar animais com maior eficiência alimentar, ou seja, que consomem menos para produzir mais, o pecuarista tem menos gastos e pode aumentar sua margem de lucro.
A apresentação "Seleção para resistência à carrapato: base, utilização e respostas", da pesquisadora Fernanda Brito, da Gensys, encerrou a manhã. Brito iniciou apontando os prejuízos diretos causados pelo carrapato nos rebanhos, como transmissão de parasitas e cicatrizes no couro, e indiretos, como o aumento do custo de mão de obra necessário para lidar com o problema. "É crescente a resistência do carrapato aos produtos utilizados", destacou a pesquisadora, que enfatizou que a seleção de animais geneticamente resistentes a praga é crucial para melhorar o rendimento do produtor.
Durante a tarde, a cientista Fernanda Rezende, da University of Florida, apresentou o painel "Atualizações sobre resistência genética à mosca do chifre em bovinos de corte". Rezende trouxe resultados preliminares de estudo realizado sobre resistência a ectoparasitas. Ela destacou que a preocupação com seleção genética para a mosca do chifre é algo recente, já que até pouco tempo atrás, os inseticidas funcionavam corretamente. "Não havia necessidade tão grande de buscas por alternativas genômicas", diz.
O último painel do evento, "Uso da genômica na seleção à resistência ao carrapato", com os pesquisadores Octaviano Alves Pereira Neto e Bernardo Albornoz Pötter. Pereira trouxe uma visão sobre os prejuízos causados pelo carrapato e estratégias para aumentar a resistência natural. "O grande prejuízo não é o só o prejuízo do sangue, mas a intoxicação pela saliva e a diminuição do consumo de alimentos", destacou.
Pötter trouxe resultados dos experimentos feitos com genômica na Estância do Quaty. "Hoje nós temos animais de linhagens conhecidas como mais resistentes ao carrapato. A grande pergunta agora é como usar as informações que temos, como conciliar a produção com a resistência".

 

Confira as apresentações.