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Estudo da CNA mostra que preços do leite voltaram a cair em plena entressafra

Estudo da CNA mostra que preços do leite voltaram a cair em plena entressafra


Preços recuaram 8%, em julho, no Rio Grande do Sul Brasília (02/09/2010) - Os preços do leite voltaram a recuar no mês de julho, seguindo tendência de queda registrada em junho, o que contraria as perspectivas dos produtores de recuperação das cotações durante o período de entressafra, quando os preços pagos pelo produto historicamente sobem. A avaliação consta do boletim Custos e Preços, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). "A redução é reflexo do aumento da produção na média dos Estados do Sul e da manutenção do saldo negativo da balança comercial de lácteos, situação que preocupa os produtores.", afirmou a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu. Em Goiás, Minas Gerais e Paraná, o preço pago ao produtor pelo leite caiu, em média, 7% em julho na comparação com o mês anterior. No Rio Grande do Sul, a queda foi ainda maior: 8% em julho. Levantamento divulgado pela CNA no começo de agosto mostrou que a pressão do leite UHT ("leite de caixinha") importado é mais forte no Rio Grande do Sul, Estado que tem a segunda maior produção leiteira do País. Os dados do boletim mostram que os custos de produção de leite no mês de julho apresentaram pouca alteração em relação ao mês anterior. "Em julho, o custo foi influenciado principalmente pelo aumento do preço do farelo de soja, variação registrada nos três últimos meses.", avaliou a presidente da CNA. Dados mais recentes, referentes ao mês de agosto, indicam continuidade da valorização dos preços da soja. Na terceira semana de agosto, os preços subiram, em média, 0,74% nas regiões pesquisadas em relação à semana anterior. A maior alta foi registrada em Unaí (MG): variação positiva de 0,95% em relação à semana passada. Em Sorriso (MT), os preços apresentaram um pequeno recuo de 0,08% em relação à segunda semana desse mês. Ainda em relação à soja, a Superintendência Técnica da CNA avalia que a provável confirmação de safra recorde nos Estados Unidos em virtude da boa produtividade das lavouras - acima do estimado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) - e o clima favorável na maioria dos Estados pressionam para baixo as cotações na bolsa de Chicago. Outro fator que deve pressionar para baixo os preços na bolsa de Chicago é a valorização do dólar frente ao euro. Clima - O clima também é motivo de preocupação para os produtores de leite do Brasil. A perspectiva de um período de estiagem na época da safra, resultado do fenômeno climático La Niña, preocupa os pecuaristas de leite. "Um período de estiagem na época da safra prejudicaria a produção das pastagens, influenciando negativamente a produção leiteira.", explicou a senadora Kátia Abreu. O custo de produção aumentaria, pois o produtor irá suplementar o gado para evitar que este perca peso na safra. "Além disso, esse efeito climático pode vir a reduzir a produção de soja e milho, elevando o preço dos grãos que compõem a ração.", afirmou. Milho - Os preços do milho subiram em algumas regiões que serviram de base para o boletim Custos e Preços da CNA. Em Rio Verde (GO), os preços subiram 2,65% em relação à semana anterior, maior alta do período. Na região de Passo Fundo (RS), a alta foi de 1% e em Unaí (MG), 0,76%, oscilações referentes à semana anterior. A avaliação é que os leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), mecanismos de apoio à comercialização da safra utilizados pelo governo, ajudaram a reduzir o excedente de oferta em praticamente todas as regiões. "A maior parte do milho negociado nesses leilões é destinada à exportação. A escassez de trigo no mercado internacional aumentou a demanda por milho, que é substituto do trigo.", afirmou a senadora. Os embarques de milho devem somar nove milhões de toneladas em 2010, estima a CNA. A maioria parte desse volume irá para os países da Europa. Boi - A escassez de animais para abate tem elevado os preços da arroba do boi gordo. Na maioria das regiões pesquisadas, os preços subiram, em média, 1,5% em relação à semana anterior. A seca na região Centro-Oeste é outro fator que tem intensificado a escassez do produto. A seca afeta negativamente a condição das pastagens dificultando e atrasando o ponto de acabamento do gado. Segundo análise do boletim Custos e Preços, da CNA, até o momento não há nenhuma sinalização de mudança no quadro de oferta, situação que deve manter as cotações em alta.