Farsul

ECR Trigo destaca a Importância da análise de dados

Diferença entre escolha de cultivares pode chegar a R$ 1.950,00 por hectare


- Divulgação Fundação Pró-Sementes

A mais recente edição do ECR (Ensaio de Cultivares em Rede) Trigo RS - Safra 2024/2024 já está disponível para consulta, trazendo informações essenciais para a tomada de decisão de produtores e profissionais da cadeia tritícola gaúcha. A definição da cultivar pode representar a lucrabilidade do produtor de forma considerável. Em Vacaria, por exemplo, a diferença entre a cultivar de maior e menor produtividade de Trigo Indústria de PH 78, pode chegar a R$ 1.950,00 por hectare, considerando uma cotação de R$ 65,00 por saco. Conduzido pela Fundação Pró-Sementes, em parceria com a Farsul e patrocínio do Senar-RS e Bayer, o estudo apresenta uma análise detalhada do desempenho das principais cultivares de trigo em diferentes regiões do Rio Grande do Sul.
O lançamento aconteceu no dia 25 de fevereiro em entrevista coletiva realizada no formato virtual. A abertura ficou por conta do diretor da Farsul e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno, Hamilton Jardim. Ele comentou sobre o atual cenário que traz preocupação aos produtores que estão descapitalizados após a sequência de frustrações com a safra de soja. Classificou como absurda a elevação da alíquota do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) para o trigo que subiu de 12% no ano passado para 23% em 2025. "Também não tem seguro agrícola com subvenção. Esse é um cenário que traz um desestímulo ao produtor e nos remete a um cenário de área menor para o próximo ciclo. Isso é muito triste. Mas, infelizmente, é necessário colocar nesse contexto para que o governo repense a política de trigo", destacou Jardim
Ele falou sobre a importância da cultura para a sustentação do sistema produtivo. "Isso está nos conduzindo a um cenário de monocultura que é muito ruim para o sistema produtivo gaúcho. Em especial porque é fundamental as culturas de inverno, para que nós tenhamos viabilidade nas culturas de verão. Ou seja, nós temos que crescer com as culturas de inverno, elas abrem possibilidade para diluição de custo fixo e inclusive viabilizam uma cultura da soja. As commodities, de maneira geral, estão em baixa no mundo todo, em todos as culturas, sejam de oleaginosas, sejam para a produção de energia", completou.
Dentro desse quadro, ele ressaltou a importância da pesquisa. "Mas, independentemente disso, aqueles produtores que ainda acreditarem nas culturas de inverno e, principalmente na cultura de trigo, tem nesse ensaio de cultivares em rede a ferramenta para auxiliar a fazer a maior escolha. o possam fazer a melhor escolha. Que sejam assertivos, que tenhamos uma excelente safra e longa vida ao ensaio de cultivares em rede de trigo.", concluiu.
O presidente da Fundação Pró-Sementes, Hugo Boff, comentou sobre a necessidade da pesquisa mesmo diante dos desafios. "Em que pese os percalços das intempéries, a questão da dificuldade dos financiamentos, os custos altos que também agravou mais ainda a questão de quem necessita de custeio agrícola para fazer os plantios, a pesquisa não pode parar. Nós da Fundação Pró-Sementes queremos agradecer muito a parceria do Sistema Farsul por possibilitar a continuar entregando esta ferramenta que dá uma informação que vai auxiliar a decidir de forma mais assertiva para manter uma expectativa das melhores produtividades possíveis dentro das culturas de inverno", disse.
O superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli, comentou sobre a importância da pesquisa. "Falar do ECR Trigo me parece absolutamente algo relevante. Nós estamos falando, talvez, de um dos poucos trabalhos científicos efetivamente desenvolvidos na cadeia da triticultura. Mais do que isso, dos poucos daqueles com maior grau de isenção, capazes de trazer informações fidedigna ao produtor, sem o interesse econômico".
Para ele, o trigo é uma cultura com grande potencial de desenvolvimento. "Tivemos um ano realmente difícil em muitas regiões, muitas não conseguiram nem mesmo realizar o plantio da forma mais adequada. Muitas que conseguiram plantar, não conseguiram conduzir as suas lavouras da maneira mais adequada. Mas é importante lembrar, ao insistirmos com a questão da triticultura, estamos falando da única cultura de inverno com capacidade e volume de mercado capaz de envolver milhares de produtores rurais do estado do Rio Grande do Sul ao mesmo tempo, sem que isso signifique estragar o mercado", salientou.
A safra 2024/2024 foi marcada por desafios climáticos que impactaram o desenvolvimento da cultura. As chuvas de abril e maio reduziram as janelas de semeadura, ocasionando um leve atraso no plantio. Posteriormente, regiões como São Luiz Gonzaga e São Gabriel enfrentaram escassez hídrica e temperaturas mais elevadas no período de perfilhamento. A produtividade média registrada pela Conab foi de 48,7 scs/ha, sendo que nos últimos dez anos a maior média registrada foi de 65,6 scs/ha na safra 2022/2022.
Os ensaios foram realizados em seis localidades representativas do estado, abrangendo as regiões tritícolas frias (I) e quentes (II), conforme o Zoneamento do MAPA. Essas regiões possuem características distintas, sendo que as regiões frias, em geral, estão em altitudes mais elevadas, como os 939m do ensaio de Vacaria, enquanto as regiões quentes situam-se em altitudes mais baixas, como os 99m do ensaio de Cachoeira do Sul. Com um total de 30 cultivares testadas, os resultados reforçam a importância da experimentação em diferentes condições ambientais para orientar as decisões dos produtores.
Entre os destaques da safra, a cultivar TBIO Motriz alcançou a maior produtividade dentre as regiões frias, com 157 scs/ha em Vacaria, local que apresentou os maiores rendimentos tanto para cultivares de ciclo médio/tardio (146 scs/ha) quanto para cultivares de ciclo precoce (127 scs/ha). Já nas regiões quentes, a cultivar BS Etanol 8 se sobressaiu com 111 scs/ha em Cachoeira do Sul, onde a média das cultivares de ciclo médio/tardio foi de 100 scs/ha e das cultivares de ciclo precoce, 91 scs/ha.
Kassiana Kehl, coordenadora do projeto, ressalta a relevância dos resultados obtidos: "O ECR Trigo RS permite que os produtores tenham acesso a dados comparativos entre cultivares em diferentes regiões, facilitando a seleção das mais adequadas às suas regiões e realidades. Mais do que comparar cultivares ao longo dos anos, é fundamental entender como as variações climáticas interferiram nas diferentes safras e, considerando as previsões climáticas, projetar cenários para as próximas colheitas."
O acesso à publicação impressa do ECR de Trigo RS - Safra 2024/2024 pode ser feito nos Sindicatos Rurais. Também é possível acessar a publicação em formato digital no site da Fundação Pró-Sementes. No endereço também estão disponíveis as edições anteriores da pesquisa.

 

Confira apresentação do ECR Trigo 2024/2024