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2010 será o ano da retomada do crescimento da agropecuária brasileira

2010 será o ano da retomada do crescimento da agropecuária brasileira


O ano de 2010 será marcado pela recuperação dos resultados da agropecuária brasileira, tanto em volumes produzidos e comercializados como em faturamento e crescimento da receita. A estimativa é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, que divulgou, nesta terça-feira (08/12), o balanço de 2009 e as perspectivas para 2010 do agronegócio brasileiro. A CNA avalia que, no próximo ano, o PIB rural voltará aos patamares de 2007. Os bons sinais já surgem nas perspectivas quanto ao comportamento do Valor Bruto de Produção (VBP) do setor agropecuário, que poderá atingir R$ 245,1 bilhões em 2010. Tal projeção representa aumento de 5,13% na comparação com o total de R$ 233,17 bilhões de 2008. Segundo a presidente da CNA, a recuperação do VBP será impulsionada por fatores como aumento da área plantada e da produção, além da recuperação de preços de alguns produtos agropecuários, embora sem alcançar os mesmos níveis do pico de preços registrado no começo de 2008. Sozinho, o VBP da agricultura deverá crescer de R$ 144,7 bilhões, em 2009; para R$ 153,1 bilhões, no próximo ano. O VBP da pecuária é projetado em R$ 91,9 bilhões para o ano que vem, frente aos R$ 88,4 bilhões, deste ano. Mas, apesar da expectativa de recuperação e dos bons sinais que a anunciam, o setor não deve esperar grandes margens na comercialização. O real deverá manter-se valorizado, o que, além de comprometer parte do resultado da atividade para o produtor, ocasionará perda de competitividade do produto nacional no mercado externo. Há outros fatores que podem afetar negativa ou positivamente o agronegócio, como o clima, ressalta Kátia Abreu. A incidência de pragas e doenças pode impactar negativamente na produtividade das lavouras. Entretanto, há forte expectativa pela maior velocidade no ritmo de recuperação da economia mundial, o que gerará aumento do consumo de alimentos. É certo, portanto, que o consumo interno será importante fator de sustentação de preços, principalmente se o dólar permanecer desvalorizado. As exportações do agronegócio brasileiro poderão encerrar 2009 com receita de US$ 64,7 bilhões, o que representa uma queda de 10,93% na comparação com o desempenho obtido em 2008, quando as exportações atingiram US$ 71,8 bilhões. No entanto, o cenário não foi negativo para todos os produtos. As remessas do complexo soja deverão somar US$ 17,891 bilhões, praticamente repetindo o desempenho de 2008, quando o setor foi responsável por US$ 17,980 bilhões nas vendas externas. O complexo soja enviará o equivalente a 46 milhões de toneladas ao exterior em 2009 (considerando grãos, farelo e óleo), frente aos 39 milhões de toneladas, em 2008. Já o complexo sucroalcooleiro deverá obter receita de exportação de US$ 9,8 bilhões, com alta de 25% frente aos US$ 7,8 bilhões registrados no ano anterior. O complexo carnes venderá US$ 11,4 bilhões no exterior este ano, retração de 21% em relação aos US$ 14,5 bilhões do ano passado. Balanço 2009 - Em um balanço final, 2009 não foi tão ruim como apontavam as projeções do início do ano. Em janeiro, as expectativas eram ainda mais negativas, com desconfianças sobre a capacidade de recuperação da economia mundial. Os pacotes de auxílio adotados pelos governos ao redor do mundo reaqueceram a produção e a renda. "De qualquer forma, seria bastante difícil repetir em 2009 os resultados de 2008, quando os preços dos produtos agrícolas bateram recordes históricos no mercado mundial e o clima foi bastante favorável no Brasil, garantindo a supersafra", avalia a presidente da CNA. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), mostram até setembro um quadro negativo para o setor, de queda de 5,18% do Produto Interno Bruto (PIB) do conjunto do agronegócio. Em média, durante este ano, os preços reais da produção agrícola caíram 4,9%, enquanto os da pecuária recuaram 0,87%. Em 2009, o PIB do agronegócio deverá atingir a marca de R$ 709,3 bilhões, perto dos R$ 714 bilhões obtidos em 2007, mas 7,2% menor que os R$ 764,6 bilhões que o setor registrou em 2008. Sozinho, o PIB do agronegócio da pecuária deverá somar R$ 209,4 bilhões este ano, frente aos R$ 225,4 bilhões, no ano passado. Já o PIB do agronegócio da agricultura está estimado em R$ 499,8 bilhões para este ano, contra R$ 539,2 bilhões, em 2008. A queda do desempenho do agronegócio foi um reflexo da crise financeira global que explodiu no final de 2008. Para o PIB total brasileiro, há estimativa de crescimento ligeiramente superior a zero em 2009. Os setores da indústria e da distribuição vinculadas à atividade agropecuária também sofreram este ano. De um grupo de dez indústrias do segmento de produção vegetal analisadas durante o ano, cinco registraram queda de preços e de produção, simultaneamente. A exceção foi a indústria sucroalcooleira, com expansão produtiva de 35,18%, em 2009, em tendência impulsionada pela forte recuperação dos preços do açúcar no mercado internacional. Em 2009, houve queda de produção de grãos e fibras em 6,35% na comparação com o ano anterior, ou seja, a safra apresentou retração do recorde de 144 milhões de toneladas para 134 milhões de toneladas. O clima foi o principal fator que promoveu a retração na oferta de grãos, mas esse não foi o único problema. A queda dos preços das commodities agrícolas nos mercados internacionais, em decorrência da queda do consumo motivada pela crise financeira internacional, também prejudicou a rentabilidade do setor. Além dessas duas principais dificuldades - crise internacional e clima - o setor produtivo rural enfrentou problemas como endividamento elevado, escassez de crédito, disparada dos custos de produção no momento do plantio, em especial a alta dos preços dos fertilizantes, que prejudicaram o cultivo da última safra. Os agricultores brasileiros, pressionados por um cenário de restrições internas e externas, acabaram optando por uma lavoura de menor nível tecnológico, gerando redução na oferta final de grãos, alertou a presidente da CNA. Felizmente, destaca Kátia Abreu, a agropecuária ingressa em 2010 com claros indicativos de que já foi iniciado o processo de recuperação da atividade. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil poderá atingir uma colheita de 140,5 milhões de toneladas de grãos. Será, portanto, a segunda maior safra da história, perdendo apenas a colheita do período 2007-2008, quando o Brasil produziu 144 milhões de toneladas de grãos. O documento técnico completo com o balanço de 2009 e as perspectivas para 2010 do setor rural estão no Canal do Produtor, na internet. É só acessar www.canaldoprodutor.com.br.