Sperotto critica Lula por falta de diálogo com o setor
Sperotto critica Lula por falta de diálogo com o setor
Impedido de entregar um documento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à Expointer nesta sexta-feira, o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, criticou a recusa do titular do Planalto em ouvir os produtores rurais. ?Lastimamos que fomos desapropriados onde temos nossos produtos?, discursou Sperotto na inauguração oficial da feira, referindo-se ao fato de a segurança presidencial ter fechado o pavilhão de bovinos e ovinos, impedindo a chegada de lideranças e agropecuaristas. ?Queremos diálogo, não queremos confronto. Nos impediram de chegar aos nossos animais. O Elton (Weber, presidente da Fetag) e eu fomos ameaçados de ser presos?, afirmou. O presidente da Fetag foi solidário a Sperotto em função do bloqueio e retirou-se da área onde o presidente Lula estava. Populares vaiaram a atitude da comitiva presidencial. Com a ausência de Lula na cerimônia de abertura oficial da Expointer, o presidente da Farsul não leu o discurso preparado. O texto continha um apelo para que o governo trate dos temas garantia de renda ao produtor, seguro rural e solução do passivo da agricultura. ?Falta política agrícola para que possamos recuperar a auto-estima e a gestão da atividade em condições de competir lá fora. Isso se concretizará com preços justos, com margem de lucro que remunere o trabalho. Não se trata de favor, mas de valorizar quem promove a independência do Brasil dos novos tempos, pelas divisas que representa na balança comercial, pelos empregos e pela geração de renda à economia do país?. Confira o discurso preparado pelo presidente da Farsul, para inauguração oficial da Expointer. Carlos Rivaci Sperotto ? médico veterinário, produtor rural, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul ? Farsul ? discurso preparado para a abertura oficial da33ªExpointer ? 3/9/2010, Esteio - RS Senhoras e Senhores, Impõe-se, de início, cumprimentar e agradecer aos personagens principais deste espetáculo: produtores rurais, peões, cabanheiros, tratadores, veterinários, agrônomos, zootecnistas, associações de raça, expositores, e todos quantos gerenciam as empresas rurais esomam esforços para viabilizar este encontro de vivências e de fraterna convivência entre o rural e o urbano. Esta feira congrega o campo e a cidade, no parque que homenageiao Dr. Assis Brasil, patrono da agricultura rio-grandense. Homem que abandonou a diplomacia para se dedicar de ?corpo e alma? à lida campeira. Sua vocação era o trato da terra, a cultura dos campos. Deixou-nos recados que o tempo não sepultou, pela atualidade das recomendações. O trabalho rural, setor ?primeiro? da economia, protagonizacom a mostra cenários de entusiasmo, pujança e otimismo, pelos resultados auferidos em qualidade e excelência do que produz. Esta feira tem a idade de Cristo. E renasce, a cada ano, com fé, força e esperança, graças ao destemido trabalho do agropecuarista, pugnando por um Brasil da fartura, abundante em alimentos que o mundo clama e precisa! Feira da superação, dos bons negócios, dos desafios, dos enfrentamentos, feira das feiras... É difícil rotulá-la e expressar com fidelidade o sentimento de cada produtor. São 9 diasde mostra, das emoções do cavalo à genética apurada dos animais de ponta;de intensas programações, das máquinas de última geração e dos negócios; das discussões de temas da maior relevância. Face à confirmação da presença, nesta tribuna, do presidente Lula ? que não se concretizou ? peço licença para ler ?o que escrevemos a Sua Excelência?. Conto com a colaboração da imprensa. Por mais otimismo e euforia a nos contagiar, não se pode excluir da agenda questõesque emperram a atividade. E é preciso que se fale a quem decide, a quem tem a caneta, frente a frente, com aquela franqueza de estilo. ?Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Anotamos, em breve bilhete, algumas considerações, sem com isso afrontar o protocolo ou sequer implicar deselegância, neste ato solene de tão festejado congraçamento: A Expointer de 2003 ? e lá se vão 7 anos! -, Presidente, foi batizada como a Feira da Harmonia! Naquela ocasião, neste palanque, ao suor de acesos debates sobre a regulamentação dos transgênicos, Vossa Excelência, sem remanchar, alinhou-se a nós ao prometer decisão técnica. Sensível à reivindicação, atendeu-nos.Obrigado. Venceu o Brasil! Vossa Excelência já tem seguidores, como o deputado Aldo Rebelo, ao eleger os interesses da Nação no projeto do novo Código Florestal. Senhor Presidente, Sindicatos Rurais ? de empregadores e empregados- estão presentes neste memorável encontro. Representam milhares de produtores. É dos poucos setores que não faz greve. Não paralisa. Resiste, e não se deixa abater pelo inconformismo. Mas tem voz, organização e, sobretudo, crença nas soluções! Aguardam, há muito, decididas medidas sobre SEGURO RURAL,RENDA AGRÍCOLA e SOLUÇÃO DO PASSIVO. Falta política agrícola para que possamos recuperar a auto-estima e a gestão de atividade em condições de competir lá fora. Isso se concretizará com preços justos, com margem de lucro que remunere o trabalho. Não se trata de favor, mas valorizar quem promove a independência do Brasil dos novos tempos, pelas divisas que representa na balança comercial, pelos empregos, e pela geração de renda à economia do país. O que não dá é para continuar, ?entra ano e sai ano?, pagando para trabalhar, a custos de produção superiores aos preços de venda! ?VAMOS TIRAR TODOS OS PENDURICALHOS, VER QUAL É A DÍVIDA REAL E DAR UM TEMPO PARA AS PESSOAS PAGAREM A DÍVIDA?. A ordem foi dada por Vossa Excelência. Há mais de 3 anos. Ouvimos. Anotamos e já estaria cumprida, se endereçada a nós. Uma ordem descumprida que engessa. Impede acessar o crédito, hoje abundante! Há cinqüentaanos o governo federal instituiu o dia do agricultor. O Presidente da época justificou ?ser de justiça? reverenciar aqueles que se dedicam ao cultivo da terra, ?transformando em riqueza dinamizada as dádivas da natureza?. Ao longo desse tempo cumprimos à risca o nosso ofício.Entretanto, não temos retribuição. Produtor rural, Senhor Presidente, não se sustenta com elogio! Quer sobreviver com dignidade, com o fruto da atividade, do dinheiro bem-havido do seu trabalho. Só quer isso!Nada mais do que isso! Urge que tenhamos SEGURO AGRÍCOLA a dar cobertura nas frustrações de colheitas; que se resolva o impasse do PASSIVO resultante de safras passadas, o que atormenta, não dá segurança para trabalhar; que se expanda a atividade empresarial, ese invista em novas tecnologias. Queremos um tratamento compatível com a grandeza do produtor e do que representa no contexto econômico e social. Presidente, às vezes a solução é simples. Depende de nossos olhares. Veja, à sua frente esse campo com excelentes índices de produtividade, com homens e mulheres da lavoura e pecuária preparados para o embate, como se estivessem concentrados para a Copa do Mundo de 2014. Basta uma palavrinha de ordem, mesmo por decreto, como o que determinou ?providências à remoção de obstáculos que possam comprometer ou retardar a execução do Plano Estratégico das Ações do Governo Brasileiro para a realização da Copa do Mundo?. Se fizer o mesmo com o setor agropecuarista, tudo estará resolvido! Valerá a pena continuar produzindo. E trabalhando! Esta terra tem história e está acostumada a levantar taças, a comemorar vitórias mundo afora! E não queremos nada que extrapole a lei ou ingresse no terreno das exceções. Era só um bilhete, Presidente. Esta Feira é o retrato do produtor. Sem rasura, sem maquilagem, sem Photoshop. Nosso reconhecimento de gratidão à Governadora Yeda Crusius e à equipe de governo pelo êxito desta feira; às autoridades do Judiciário, Executivo; a parlamentares, entidades de classe, aos companheiros de Federações da Agricultura, da Sociedade Rural Brasileira; ao Grupo FARM pelo prestígio das presenças; aos dedicados companheiros do Sistema Farsul, aos profissionais da imprensa de todas as mídias, pela divulgação desta Expointer que envereda para ser chamada, quem sabe, de Feira do Entendimento. Obrigado a todos pelahonrosa presença!