Produtor ganhou mais irrigando soja do que milho
Produtor ganhou mais irrigando soja do que milho
Embora a irrigação tenha um impacto maior no aumento de produtividade do milho do que no de soja, quando o assunto é vantagens econômicas, irrigar lavouras da oleaginosa tem se mostrado mais lucrativo. A conclusão é de estudo realizado em lavouras de sequeiro e com pivô em uma propriedade de Cruz Alta, apresentado pela assessoria econômica do Sistema Farsul, em etapa do Fórum Permanente do Agronegócio, realizada na tarde desta segunda-feira, na Expointer, em Esteio. A irrigação da lavoura resultou em um aumento de R$ 1.084 no lucro por hectare da soja e de R$ 837 no de milho. A oleaginosa no sequeiro deu resultado de R$ 404 por hectare, enquanto no pivô, de R$ 1.488. No milho, esses valores foram de R$ 328 (sequeiro) e R$ 1.165 (irrigada). A alta na lucratividade foi de 355% no milho e de368% na soja. O impacto da irrigação na produtividade do milho foi de 66%, com a colheita por hectare sendo de 120 sacos no seco e de 200 sacos na irrigação, no período 2013/2014. Foram 4.800 quilos colhidos a mais em cada hectare irrigado. No caso da soja, a alta foi de 50%, com a produtividade passando de 40 para 60 sacos por hectare: ou seja,1.200 quilos colhidos a mais por causa da técnica. Ainda que a irrigação encha mais o silo com o milho, se ganha mais dinheiro hoje irrigando a soja. Muitas vezes o produtor não tem essa noção, já que a técnica tem maior impacto na produtividade do milho", afirma o economista do Sistema Farsul, Antônio da Luz. Para incentivar a prática da irrigação, o Sistema Farsul apoia iniciativas como o Clube da Irrigação e conta com cursos do Senar-RS voltados à técnica. "Irrigar não é apenas molhar. Não basta equipamento. É preciso conhecimento. Um sistema de irrigação depende de um nível tecnológico superior, de mão de obra mais qualificada", afirma o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira.Para o dirigente, o principal entrave para o avanço da área irrigada no Estado é o excesso de burocracia. "Existe tecnologia, existe capital e existe produtor interessado, mas estamos trancados pela burocracia",afirmou Pereira. Já o chefe da Divisão Técnica do Senar-RS e presidente do Clube da Irrigação, João Augusto Telles, acrescenta que o custo para levar a energia elétrica para a propriedade está se tornando inviável. "Se o produtor conseguir irrigar 30% da suapropriedade, este será o melhor seguro agrícola que ele pode ter", declarou Telles. Embora, se bem operacionalizada, a irrigação dê melhores resultados econômicos, ela também demanda mais gastos. Os investimentos para implantar uma lavoura irrigada são 32% maiores do que os necessários em uma lavoura de sequeiro. O custo operacional é maior, também: R$ 2.646 por hectare na lavoura irrigada,ante R$ 2.140 no caso do seco. Os gastos são maiores principalmente devido à energia usada na irrigação e à maior necessidade de fertilizantes. De acordo com Telles, atualmente, existem 150 mil hectares de cultivo de milho que utilizam sistema de irrigação no Rio Grande do Sul, de um total de 1,2 milhão de hectares da cultura. Para obter a mesma produção de milho, seriam necessários apenas 300 mil hectares irrigados. "Teríamos um salto de qualidade, mas principalmente de renda", concluiu o dirigente.