Produtor foi à Expointer com vontade de investir

Produtor foi à Expointer com vontade de investir

02/09/2012 16:30

Os resultados da 35ª Expointer demonstram a ansiedade do produtor rural em realizar investimentos, para superar prejuízos da seca, aproveitando o preço favorável das commodities agrícolas e a queda nos juros. A avaliação é do presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto. A feira se encerrou neste domingo (02.09), com a comercialização parcial de R$ 13,6 milhões em animais e encaminhamento de R$ 2,020 bilhões em negócios envolvendo máquinas e implementos, segundo a Secretaria da Agricultura. Sperotto lembrou que o valor que efetivamente se transformará em vendas na área de maquinário dependerá de alguns fatores, como a publicação das regras da prorrogação das dívidas causadas pela estiagem. Anunciado pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, o parcelamento em 10 anos dos vencimentos de custeio da safra 2011/2012, para quem teve mais de 30% de perdas em decorrência da seca, precisa ser formalizado por decisão do Conselho Monetário Nacional. Além disso, muitas propostas encaminhadas aos bancos em Esteio deverão ser alteradas, para que produtores aproveitem a redução dos juros para compra de máquinas via PSI, que passaram de 5,5% ao ano para 2,5% ao ano, anunciada em meio à feira, disse Sperotto. Ele lembrou que, enquanto os dados de vendas de animais são concretos, os de máquinas refletem mais a intenção de compra. ?Não há um descrédito nos números divulgados, mas defendemos mais clareza nos dados?, afirmou o presidente do Sistema Farsul. O presidente da Comissão de Feiras, Exposições e Remates da Federação, Francisco Schardong, afirmou que os resultados nas vendas de animais apontam para uma boa temporada de primavera. Até o fim do ano, haverá 34 exposições agropecuárias e 93 remates particulares e feiras especializadas no Estado. ?Se trabalharmos com o valor de R$ 6 mil por reprodutor, como aqui em Esteio, será muito bom?, avaliou. Vitrine da Carne Gaúcha Uma das atrações preferidas do público na Expointer, a Vitrine da Carne Gaúcha reuniu 4.327 espectadores em sua quarta edição. Foram realizadas 24 oficinas, com público médio de 180 pessoas em cada. A iniciativa da Farsul foi apresentada no espaço do Juntos para Competir, parceria entre a Federação, o Senar-RS e o Sebrae-RSpara desenvolvimento das cadeias produtivas do agronegócio. Nos oito dias de apresentações, foram desossadas sete carcaças bovinas, uma carcaça de búfalo, 16 carcaças ovinas e quatro carcaças suínas. ?A Vitrine já se consolidou como grande atração desta feira?, afirmou o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto. Já o vice-presidente da Federação, Gedeão Pereira, acredita que a atividade mostrou ao consumidor a evolução da produção gaúcha. ?Hoje, temos, em qualidade, uma das melhores carnes do mundo?, disse.?As novidades deste ano foram a desossa de suínos e o preparo das carnes desossadas por uma chef, em uma cozinha instalada ao lado, mostrando que, quando o animal é de qualidade, qualquer corte pode ter um bom aproveitamento?, disse Luiz Alberto Pitta Pinheiro, coordenador da Vitrine da Carne Gaúcha. Nas sessões de desossa de bovinos, bubalinos e ovinos, o consultor de carnes Marcelo Conceição ?Bolinha? trabalhou com carcaças de diferentes programas de certificação. Essas iniciativas representam um diferencial de qualidade, à medida que contam com técnicos nos frigoríficos exigindo padrão racial, de cobertura, de gordura, de idade, entre outros, lembrou Pitta Pinheiro. Senar-RS O Senar-RS realizou na Expointer 7.906 atendimentos, incluindo os 4.327 espectadores da Vitrine da Carne Gaúcha. O superintendente da instituição, Gilmar Tietböhl, avaliou positivamente a descentralização das dinâmicas no Parque Assis Brasil. Houve demonstrações no pavilhão do gado leiteiro, na pista de ovinos, no setor de máquinas, no setor de irrigação, no estande principal, além da participação no espaço do Programa Juntos para Competir, em parceria com Farsul e Sebrae-RS. ?É bem provável que se repita, de forma mais elaborada, esse modelo (descentralizado) no ano que vem?, disse Tietböhl. Casa Rural Foram realizadas ou encaminhadas, no estande da Casa Rural, nesta Expointer, vendas no valor de R$ 2,750 milhões. O valor se refere a negócios entre as empresas parceiras e produtores que visitaram o local. Na área de seguro patrimonial, o valor assegurado chegou a R$ 700 mil em animais e a R$ 3,370 milhões em máquinas, incluindo propostas e contratos assinados. Além disso, o Sindicato Rural de Santa Vitória do Palmar contratou seguro de vida, da empresa JPZ, para seus funcionários. O diretor financeiro da Farsul, Jorge Rodrigues, destacou ainda a retomada do produto Garantia de Preço Rural e as parcerias sociais. ?Houve parceria com a Liga Feminina de Combate ao Câncer e o Instituto Souza Cruz, que estiveram no estande da Casa Rural?, detalhou. O espaço da Casa Rural em Esteio recebeu cerca de 2 mil visitantes. A instituição tem hoje 41 empresas parceiras. Irrigação O investimento em equipamentos de irrigação na Expointer chegou a R$ 55,7 milhões. ?Tivemos uma evolução, mas os números ainda me parecem acanhados. Eu gostaria de ver R$ 500 milhões em vendas de equipamentos de irrigação. Nós sabemos que só não se vendeu muito mais em função das limitações dos licenciamentos ambientais para armazenamento de água. Porque não se irriga sem armazenamento. Se moramos em um Estado onde chove até 1800 mm por ano, significa que, para enriquecer o agricultor e o meio ambiente, o que precisamos é armazenar esta água, que hoje perdemos para Oceano Atlântico?, avaliou o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira. Já o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, elogiou o destaque dado à irrigação na feira deste ano, lembrando que a técnica deve ser vista como ferramenta de aumento da produção e não como arma contra a seca. Ele lembrou que os recordes nacionais de produtividade de soja e milho foram conquistados por dois gaúchos irrigantes nesta safra. Em Sarandi, um produtor colheu 307 sacos de milho por hectare, enquanto em Cruz Alta outro agricultor obteve 102,6 sacos de soja por hectare, ?São dados que estimulam o produtor a investir?, disse. Ele lembrou que a irrigação é uma prática antiga, mas que ocorria de maneira mais pontual e agora recebe maior atenção dos governos.

 
Ouça a entrevista de Carlos Sperotto