Para Sperotto, índices de produtividade desviam foco de debate ambiental
Para Sperotto, índices de produtividade desviam foco de debate ambiental
Para o presidente daFarsul, Carlos Sperotto, a proposta do governo federal de alteração dos índices de produtividade agropecuários foi uma manobra para desmobilizar os produtores e desviar o debate sobre a mudança da legislação ambiental. A afirmação foi feita no Fórum Federasul de Sustentabilidade, realizado neste sábado na Expointer, no qual o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, debateu com produtores rurais. Sperotto alega que a conscientização dos produtores quanto à necessidade criar novas regras de manejo ambiental levava à impossibilidade de aplicação do decreto que prevê averbação da área de 20% de reserva legal em propriedades até dezembro de 2009, contrariando interesses de ambientalistas ligados ao governo. "Houve uma estratégia de desvio de foco. No momento em que avançava a discussão sobre o decreto (ambiental), lançaram o debate dos índices", disse Sperotto. Para o presidente da Federação da Agricultura, não há sentido em índices de produtividade que levem em conta apenas área e produção. "Você não pode impor a quem tem armazéns abarrotados agora, a obrigação de cumprir uma produção (na safra seguinte). O milho, por exemplo, se o produtor vender hoje tem prejuízo. Se produzir nessas condições, depois o que o produtor vai fazer, se não tem preço?". Segundo Sperotto, os produtores têm conhecimento e acesso a tecnologias que podem levar às alturas a produtividade, no entanto, precisam de garantias de financiamento e de preços compatíveis para atingir altos patamares. Amanhã (domingo), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, deve aportar em Esteio e entrar no debate. Apesar da afirmação de Cassel de que seu colega já teria concordado com novos índices, o presidente da Farsul não acredita nesse desfecho. "Não creio que o ministro Stephanes tenha concordado", afirmou o presidente da Farsul. Depois de defeder a alteração dos índices de produtividade, Cassel adotou uma postura mais conciliadora quanto à legislação ambiental. "Não existe no governo nenhum interesse em punir, multar ou criar problemas para a produção", garantiu o ministro. Se o decreto atual que prevê uma área de 20% de reserva legal nas propriedades passar a valer, boa parte da produção de alimentos ficaria inviabilizada. O decreto prevê averbação dessas áreas, com demarcação, georreferenciamento e registro na escritura, por exemplo.