A missão técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/) que visitou a Austrália e a Nova Zelândia durante 10 dias trouxe na bagagem experiências e conhecimentos para implementar em futuros projetos da entidade. O grupo conheceu propriedades rurais, empresas e instituições que são referência em produção e tecnologia, além de experiências exitosas na área de capacitação de produtores e trabalhadores rurais.Na Austrália, a delegação visitou a Sydney Royal Easter Show e fazendas dedicadas à criação de ovinos e bovinos de corte. A programação prosseguiu em Auckland, na Nova Zelândia, com encontros na empresa QCONZ - Quality Consultants of New Zealand, responsável por 80% das auditorias de qualidade na produção de leite das fazendas. Na sequência, o grupo seguiu para a região de Waikato onde conheceu uma propriedade de pecuária de leite - acompanhado por um representante da Livestock Improvent (LIC), responsável pelo melhoramento do gado - e um haras que lidera a criação da raça Puro-Sangue Inglês, na região de Australásia. Em Hamilton ocorreu um encontro no Waikato Institute of Technology (Wintec), responsável pela área de ciências e indústrias primárias, e com a LearningWorks, que realiza capacitação profissional de produtores e trabalhadores rurais e treinamento de professores em sua metodologia de ensino.O roteiro também incluiu a área de North Canterbury, no leste da Nova Zelândia, onde visitaram a Grasslands Innovation, empresa de pesquisa em melhoramento de pastagens. Em Mid-Canterbury, o grupo conheceu uma propriedade especializada na produção de cordeiro prime. A programação foi encerrada com uma visita a Pannetts Dairies Ltd, um laticínio de alta tecnologia, e à fazenda da Lincoln University Dairy Farm, em Christchurch. Em alguns dos encontros foram avaliadas a viabilidade de intercâmbios tecnológicos posteriores com entidades que desenvolvam ações semelhantes as que o Senar/ realiza no Brasil, como é o caso do Wintec. O projeto dos Centros de Excelência do Senar/ - especializados em cadeias produtivas e gestão - recebeu elogios dos representantes do Instituto e pode ser a primeira possibilidade de aproximação entre as instituições. Eles têm sistemas modernos de treinamentos e de avaliação, com tablets, sistemas fora line e internet. Achamos muito interessante e é possível uma parceria, principalmente dentro do projeto dos Centros de Excelência", ressalta o superintendente do Senar/ em Mato Grosso do Sul, Rogério Tomithao Beretta, um dos integrantes da comitiva brasileira. Postura dos produtores e alimentação dos animais são diferenciais Na opinião do coordenador da missão e superintendente do Senar no Rio Grande do Sul, Gilmar Tietböhl, além de ter contato com técnicas de produção diferentes, a viagem permitiu conhecer o conceito que os produtores rurais da Austrália e Nova Zelândia têm sobre a sua missão, o seu papel e a organização das cadeias produtivas. "Essas relações já estão bem amarradas entre eles e a indústria compradora. O funcionamento dessas cadeias é bastante harmônico, o que não acontece no Brasil. Eles têm foco em produzir aquilo que o mercado quer comprar, principalmente nas carnes". Beretta também salienta a consciência dos produtores rurais da região sobre a importância da qualidade do produto oferecido no mercado. O superintendente do Senar/MS revela que todos os detalhes são observados - como a espessura da lã e os índices de controle do leite - para que o produto possa ser oferecido em qualidade e quantidade e assim alcançar o preço máximo. "Eles conseguem ser competitivos porque são grandes produtores. O que não é o caso da maioria no Brasil, que teriam que se associar para ter condições de sobreviver no mercado. A viagem me mostrou que o Senar/ deve incentivar cada vez mais o associativismo e o cooperativismo entre os produtores brasileiros", declara. Outro ponto que impressionou os integrantes da delegação foi a qualidade da alimentação oferecida aos animais permanentemente. Segundo Tietböhl, na Nova Zelândia, as pastagens (principalmente de azevém e de trevo branco) são tratadas como lavouras, recebem adubação, correção de solo e irrigação. "Pode dar enchente, seca ou qualquer outra intempérie que nunca os bichos sofrem. Sempre tem comida", revela. Ele destaca ainda a importante vinculação que existe entre as instituições de pesquisa e os produtores, que aplicam os resultados quase que de forma imediata e isso reflete diretamente na produção. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), Flávio Viriato de Saboya Neto, reforça a posição. Conforme ele, em algumas regiões dos dois países os recursos hídricos e a pluviosidade são semelhantes ou até menores (média anual de 500 mm) do que as encontradas nos Estados do Nordeste brasileiro. A diferença, aponta, é a postura dos produtores de lá, que investem em cisternas para reserva hídrica e em silagem e feno para a alimentação animal ao longo de todo o ano. "O grande diferencial é a consciência do homem. Essa é uma ação rotineira na vida dos criadores porque eles sabem que é uma questão de sobrevivência. Acredito que o Nordeste ainda poderá se tornar um grande produtor de leite no futuro, só depende de alimento e do homem", alerta. Também fizeram parte da delegação os superintendentes do SENAR em Goiás, Euripedes Bassamurfo da Costa
Missão técnica do Senar troca experiências na Oceania
Missão técnica do Senar troca experiências na Oceania
22/04/2015 18:00