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Investimento em pastagens reduz impacto ambiental dos gases efeito estufa emitidos pelos bovinos

Investimento em pastagens reduz impacto ambiental dos gases efeito estufa emitidos pelos bovinos


Investir recursos públicos e privados em recuperação de pastagens e a adoção de melhores tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para neutralizar os impactos ambientais provocados pelas mudanças climáticas e os efeitos da emissão de gases efeito estufa (GEE) do rebanho bovino brasileiro. Segundo estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea-USP), encomendado pelo Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o desafio do setor é continuar sua expansão com mais tecnologia, o que geraria ganhos econômicos e ambientais. "O aumento da produtividade do rebanho, como o que vem ocorrendo nos últimos anos, poderia reduzir os efeitos ambientais negativos da atividade, além de melhorar sua competitividade econômica", afirma Antenor Nogueira, presidente do Fórum. Segundo ele, os problemas ambientais da pecuária de corte são de grande evidência no Brasil em virtude do tamanho do rebanho nacional, ao redor de 180 milhões de cabeças, da importância sócio-econômica do setor, que representa cerca 5% do PIB nacional e gera 1,6 milhões de empregos diretos, e do sistema produtivo predominante, a criação extensiva, muitas vezes de baixa produtividade e lotação animal. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário são responsáveis por 13,5% do total emitido, sendo a pecuária responsável por dois terços desse montante. Para o Cepea, a metodologia usual de estimativa de emissão pela pecuária de corte recomendada pelo IPCC é imprecisa. Além do mais, não considera o efeito do seqüestro de carbono pelo crescimento de pastagens, que pode absorver cerca de 66% do carbono emitido pelo gado. Os dados estimados pelo Cepea indicam que, caso as emissões sejam contabilizadas no chamado ciclo completo, em todo o sistema produtivo, o impacto estimado das emissões do gado serão muito menores. Para reduzir os impactos ambientais da pecuária da corte, o Cepea sugere ações de melhoramento genético, como o desenvolvimento de raças com melhor conversão alimentar, pois quanto mais peso o animal ganha com menor ingestão de alimento, mais eficiente é a produção sob o ponto de vista do metano. Mas, os melhores avanços na redução do impacto ambiental virão da melhoria da alimentação e da eficiência do manejo do rebanho. Segundo o professor Sérgio De Zen, coordenador do trabalho do Cepea, a intensificação das pastagens e a recuperação de pastagens degradadas são as melhores estratégias para aumentar a unidade animal por hectare e a produtividade da atividade, reduzindo o impacto ambiental. "Com o melhoramento das pastagens, a pecuária de corte pode continuar crescendo sem comprometer o aspecto ambiental", diz o pesquisador. Ele estima que de 30 a 70 milhões de hectares poderiam ser liberados para a produção agrícola caso as pastagens sejam melhor manejadas. "O estudo comprova que o aumento da produtividade que vem ocorrendo nos últimos anos precisa continuar", diz o presidente do Fórum da CNA. Os dados do Cepea mostram que, em 1990, cada cabeça do rebanho nacional produzia cerca de 28 quilos/equivalente carcaça por ano. Em 2007, esse número chegou a 48 quilos/equivalente carcaça por ano, o que representa um aumento de 71,4% de produtividade. Segundo Antenor Nogueira, para que esse avanço continue serão necessários investimentos públicos e privados na recuperação de pastagens e em outras alternativas de adoção de tecnologia. A tabela apresentada pelo Cepea mostra que as emissões líquidas da pecuária de corte podem ser substancialmente reduzidas pelo seqüestro de carbono pelas pastagens: Emissões, seqüestro e balanço de carbono na pecuária brasileira: Emissão do gado + 1,18 Mg CO2 eq/ha/ano Seqüestro por pastagens &8722; 0,78 Mg CO2 eq/ha/ ano Estimativa de Balanço = 0,40 Mg CO2 eq/ha/ ano Fonte: CEPEA/USP (2008). APRESENTAÇÃO COMPLETA DE TRABALHO ELABORADO PELA CNA DEMONSTRA OS IMPACTOS AMBIENTAIS E EMISSÕES DE GASES EFEITO ESTUFA PODE SER CONFERIDA NA COLUNA DESTAQUES", NA PÁGINA PRINCIPAL DO jORNAL sUL rURAL.