Farsul

Estudo avalia perspectivas para próxima safra de grãos

Estudo avalia perspectivas para próxima safra de grãos


A Assessoria Econômica da Farsul realizou estudo sobre as perspectivas para a safra de grãos na safra 2009-2010. No arroz, as projeções apontam para uma estabilidade tanto na produção como no consumo, ambos variando menos de 1%.Apesardo mercado sinalizar um aumento das importações do Mercosul, o arroz em 2010 será uma cultura valorizada. Acreditando que o pior da crise econômica tenha passado e com a melhora no comércio mundial de arroz projetado para este ano, o cenário para o grão no mercado global é positivo. No milho, a perspectiva é que a safra ainda encontre sérios problemas conjunturais. No que diz respeito ao consumo, o crescimento mais expressivo deverá ocorrer em função doaumento na utilização de milho para etanol nos Estados Unidos, enquanto deve ser discreto o aumento de compras para produção de ração, o que afeta diretamente o mercado gaúcho que destina a maior parte de sua produção para esta finalidade. O cenário para o milho no Brasil segue o panorama ruim identificado em todo o mundo, refletindo uma péssima comercialização em 2009 e uma perspectiva desfavorável em 2010.O fator determinante para este cenário são os estoques do produto que continuarão deprimindo os preços e arrastandoa solução para 2011. Comparando o custo de produção por saco de 60kg de milho, a partir dos dados da Conab e a média dos preços recebidos pelos produtores na colheita, fornecidos pela Emater, a assessoria verificou que nos últimos 11 anos, em sete os produtores tiveram prejuízos ao comercializarem abaixo do custo de produção, o equivalente a 63% do período analisado. Há ainda as perdas causadas por problemas climáticos.Os prejuízos acumulados pelos produtores gaúchos somam R$ 1,2 bilhão no período, com destaque para o ano de 2009 onde as perdas, apenas com os preços, atingiram R$ 786 milhões. Na soma de lucro e prejuízo, o resultado negativo chega a R$ 63 milhões.É necessário agregar também o alto custo dos insumos.Em2009, o produtor pagou 42,11% a mais pelos fertilizantes, enquanto o preço recebido pelo milho caiu quase 25%.No acumulado 2000 - 2009, observa-se aumento no preço do milho de 78,26%, enquanto os fertilizantes dispararam 164,03%. Na soja, para 2010, a projeção é de um aumento de 14% na produção mundial, atingindo a casa dos 242 milhões de toneladas. Acompanhando a produção, deve aumentar também o consumo e o comércio mundial, respectivamente, 4% e 2%. No final de 2010 deve haver novo incremento nos estoques mundiais, atingindo pouco mais de 50 milhões de toneladas estocadas, nível semelhante ao de 2006. Portanto, mesmo com um cenário de aumento de estoques, estes ainda são insuficientes para travarelevação no preço.No que diz respeito à relação estoque x consumo, no final de 2009, os estoques deverão representar 16%, nível semelhante ao do final de 2005, antes da escalada da cotação da oleaginosa. O ano é classificado como bom para a soja em razão de seus fundamentos. Para o trigo, 2009 prometia ser promissor, porque vínha de dois anos seguidos consumindo mais que produzindoe diminuindo os estoques. No entanto, a safra de 2009 produziu 682,32 milhões de toneladas, quase 12% a mais do que em 2008 e, mesmo com o consumo crescendo 4%, ainda assim sobraram no mercado 46 milhões de toneladas que engordaram os estoques, deprimindo o preço do produto. Para o segundo semestre de 2009 e para o ano de 2010 as projeções são preocupantes, pois a partir de agora deverão pesar no mercado as 163 milhões de toneladas estocadas. A resposta dos produtores deverá ser uma redução na produção mundial, estimada hoje em queda de 3,79%, o que é ainda insuficiente para equilibraroferta e procura. A produção deverá atingir 656 milhões de toneladas contra um consumo de 642 milhões, agravando ainda mais a situação dos estoques. Apesar de não serem bons os fundamentos do mercado de trigo no mundo, há um fato que pode favorecer o preço do produto brasileiro, que é a redução da área na Argentina, principal fornecedora do grão ao Brasil, de onde vêm 74,4% das importações. O momento é controverso, porque apesar dos problemas de estoques mundiais elevados, os preços serão bons no mercado interno, uma vez que o principal concorrente deixará de colocar milhares de toneladas no mercado doméstico. O Brasil deverá consumir 10,7 milhões de toneladas em 2009, sendo que a produção é de apenas 5,6 milhões. O estudo completo está disponível no site do Jornal Sul Rural (www.sulrural.com.br) na coluna Destaques.