"Nos últimos anos, enquanto o produtor investiu na melhoria da qualidade do leite como matéria-prima, uma parte do produto final chegou fraudada ao consumidor". A afirmação é do presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, que participou de audiência pública no Senado Federal, convocada para discutir a questão da contaminação do leite por produtos nocivos à saúde. "Toda essa situação levou a CNA a se manifestar, insistentemente, durante os últimos cinco anos, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que as fraudes fossem coibidas", afirmou Alvim, que mostrou aos senadores vários ofícios nos quais a CNA demandou a diversos ministros da Agricultura providências para combater as fraudes no leite. Segundo o representante da CNA, "os produtores têm investido na melhoria da qualidade do leite há pelo menos cinco anos", o que tem proporcionado avanços expressivos frente à dimensão continental do Brasil e da dificuldade de organizar a produção. Alvim explica que, embora seja notória a melhora na qualidade do leite que sai da fazenda, este requisito ainda não é priorizado pelas indústrias na hora de remunerar o produtor. Levantamento feito pela Clínica do Leite da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), revela que, entre maio de 2006 e junho deste ano, das 202 indústrias que tiveram amostras de leite analisadas pela Clínica, apenas 11 consideraram as características qualitativas na hora de pagar pela matéria-prima. O presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da CNA lembra que poucos produtores conseguiram ser recompensados pelo investimento em qualidade. "Quem conseguiu ser remunerado pela preocupação em melhorar o produto, tem alcançado resultados positivos", destaca. De acordo com a Clínica do Leite, desde o ano passado, a cada 250 litros de leite produzidos diariamente, o produtor que investiu em qualidade obteve um ganho extra de R$ 762,50 ao vendê-lo. Para uma produção de 2000 litros/dia, esse adicional representaria R$ 6.100.