Carne magra e de baixo preço abre mercado para pecuária brasileira

Carne magra e de baixo preço abre mercado para pecuária brasileira

01/11/2007 14:00
A participação de 33% na receita de exportações brasileiras de carne bovina in natura indica que o mercado europeu está satisfeito com o baixo preço e as características da carne brasileira, mais magra e saudável. A União Européia compra 16% do volume de carne in natura exportado pelo Brasil. A análise faz parte dos Indicadores Pecuários, pesquisa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O estudo mostra que, diferentemente da carne de rebanhos europeus, a brasileira tem a gordura sobreposta - ao invés de entremeada -, e isso tem sido interpretado por nichos de consumidores como característica de um produto mais saudável. Além disso, cortes como o contrafilé ainda não foram devidamente explorados no mercado europeu e têm sofrido um deságio de cerca de 15% em relação ao mesmo produto de outros países. A pesquisa da CNA destaca ainda que o Brasil pode produzir mais com a mesma área ocupada pela atividade pecuária, o que confere ao Brasil grande potencial para suprir as necessidades futuras do comércio global. Outro diferencial da carne brasileira destacado pelos Indicadores Pecuários é o sistema de produção a pasto, fator determinante para manter o custo de produção como o menor entre os 14 países que compõem a rede de informações internacionais da Agri Benchmark. Apesar de apresentar um maior tempo de engorda, o Brasil se aproxima de um ótimo econômico (relação custo/benefício) na produção de carne bovina, pois a intensificação da produção, com o objetivo de reduzir o tempo de engorda, implica aumento de custo e de riscos ao produtor. Um aspecto importante considerado pelo mercado é o fato de que a carne brasileira provém de animais criados em condições ambientais muito favoráveis. A região Centro-Oeste, principal produtora de carne bovina, apresenta ainda grandes áreas de pastagens e potencial de aumento de produção sem a necessidade de abertura de novas áreas. O fato dos animais no Brasil se alimentarem apenas de pasto e produtos de origem vegetal confere à carne brasileira um aspecto de produto orgânico, atraindo a preferência dos consumidores europeus. A carcaça do bovino brasileiro é uma das mais leves do mundo, com peso médio de 262 kg e rendimento médio de 53%. Os argentinos também obtêm resultados que se assemelham aos do Brasil. Na Argentina, o peso da carcaça fica em torno de 262 kg, mas o rendimento médio chega a 58%. Os Indicadores Pecuários mostram ainda que o movimento de alta dos custos totais da pecuária perdeu força em agosto. O aumento dos Custos Operacionais Totais (COT) foi de 0,48%, frente a 0,94% em julho e 0,88% em junho. Esse cenário indica que os pecuaristas começam a reaver o poder de compra, reduzido significativamente nos últimos anos. Os insumos que mais influenciaram a alta do COT, em agosto, foram as sementes forrageiras e o bezerro. As sementes forrageiras, que representam 3,67% do desembolso total da atividade, tiveram aumento de 4,66% (média Brasil) em agosto, em relação a julho. Tal reajuste esteve atrelado ao aumento da demanda pelo insumo, tendo em vista que nos próximos meses, com o fim do inverno e do período de seca, os pecuaristas começam a investir na formação e na reforma das pastagens. Indicadores Regionais - No acumulado dos oito meses, na média dos dez estados pesquisados (GO, MT, MS, PA, RO, RS, PR, MG, TO e SP), que representam 81,38% do rebanho, os custos totais da atividade pecuária aumentaram 8,23% - a inflação do período foi de 2,74% - e a arroba, 21,16%. A melhor relação entre receita e custo, em agosto, ocorreu no Tocantins. A arroba valorizou 8% no mês e o COT, 0,41%. A relação menos favorável no mês foi em Goiás, onde o COT subiu 1,09% e a arroba, 1,67%. Apesar do pequeno aumento da receita, os resultados acumulados no ano continuam favoráveis ao produtor goiano. De janeiro a agosto, a valorização do boi foi de 17,57% e os custos totais subiram 8,81% no estado. É necessário ressaltar, no entanto, que na média dos 10 estados pesquisados nos Indicadores Pecuários, os pecuaristas ainda não recuperaram as perdas de renda ocorrida nos últimos anos. De fevereiro de 2003, quando se iniciou a pesquisa, até agosto de 2007, o COT subiu 42,96% em média, enquanto os preços pagos pela arroba do boi gordo subiram apenas 8,83%.