Brasil apresenta projeto para aumentar produção agrícola na COP-16

Brasil apresenta projeto para aumentar produção agrícola na COP-16

07/12/2010 09:00
Cancún (México), 6 dez (EFE).- Organismos públicos e privados brasileiros apresentaram na segunda-feira, 06.12, na 16ª Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP-16) o Projeto Biomas, com o qual pretendem aumentar a produção agrícola sem desflorestar o país nos próximos anos. A senadora Katia Abreu, presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e Gustavo Curcio, da Embrapa e coordenador do projeto, apresentaram a iniciativa. O projeto pretende disponibilizar 240 pesquisadores em florestas tropicais do Amazonas e do Atlântico, savanas, terras úmidas, pastagens e pampas para estudar formas de ampliar a utilização de árvores, espécies nativas ou exóticas em áreas de preservação florestal. A princípio serão destinados US$ 33 milhões a uma "democratização da ciência no terreno", disse Curcio, com a finalidade de sugerir aos produtores práticas de desenvolvimento sustentável. Fontes ligadas ao projeto indicaram que seu propósito é "aumentar a produção sem destruir" as áreas florestais que já existem. O projeto começou com a delimitação das seis áreas nas quais será desenvolvido, disseram os responsáveis. O Brasil é atualmente o terceiro produtor agrícola do mundo, com 23% do Produto Interno Bruto (PIB) procedente desse setor, atrás de Estados Unidos e União Europeia (UE). EFE Ruralistas querem investir na plantação de florestas no Brasil A Confederação Nacional da Agricultura propõe que seus filiados plantem árvores para complementar seu rendimento e contrabalançar as emissões de carbono, segundo um relatório divulgado na segunda-feira. Parte do setor agrícola brasileiro tem sido criticado por seus concorrentes internacionais por supostamente ampliarem sua produção à custa da destruição das florestas nativas. O CNA, que representa mais de 1 milhão de ruralistas, está investindo 40 milhões de reais na realização de um estudo mais detalhado, que vai durar nove anos e deve resultar em propostas técnicas sobre como conciliar a proteção ambiental com a geração de renda. A iniciativa pode sinalizar uma gradual mudança de perspectiva para um setor que até recentemente custava a se adaptar à crescente demanda internacional por produtos "verdes". Plantar e preservar árvores não só contribui com a recuperação de propriedades rurais devastadas, como também permite que os produtores agrícolas diversifiquem seus negócios e reduzam os riscos relacionados ao mercado, segundo o relatório do Projeto Biomas. "Nossa meta é corrigir possíveis erros (cometidos pelos agricultores), educá-los e tornar a pesquisa sustentável (mais acessível)", disse à Reuters a presidente da CNA, Kátia Abreu, antes de embarcar para o México, onde apresentará o projeto na conferência climática da ONU em Cancún. "Nossa ideia é estabelecer modelos adaptados para cada bioma, que possam servir de guia para que os fazendeiros adaptem suas propriedades, principalmente as médias e pequenas, que não têm dinheiro para contratar seus próprios consultores", disse a dirigente ruralista, que também é senadora (DEM-TO). O Projeto Biomas está sendo desenvolvido em parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola, estatal). O estudo surge num momento de acirrado debate no Congresso sobre o novo Código Florestal. Se aprovada, a nova lei anistiará fazendeiros multados por desmatamento excessivo, e pode reduzir a área de conservação exigida em cada propriedade rural. Segundo Abreu, uma das principais defensoras do novo código, a alteração do modelo florestal seria uma grande contribuição em longo prazo para a sustentabilidade da agricultura brasileira. O Brasil tem quase 5,2 milhões de propriedades rurais, a maioria delas pequenas. A Embrapa disse que já começou neste ano as pesquisas em dois biomas - Mata Atlântica e Cerrado - e que uma terceira pesquisa será lançada em 2011.