Produtores querem recursos do orçamento para sustentar preços na crise

Produtores querem recursos do orçamento para sustentar preços na crise

24/10/2008 01:00
Garantia de recursos do Orçamento Geral da União de 2009 para assegurar mecanismos de sustentação de preço e apoio à comercialização e proporcionar renda ao setor agropecuário na atual conjuntura de crise. Esta proposta foi defendida pela Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reunida no dia 23/10, em Brasília, para discutir a situação dos produtores rurais nos principais Estados produtores de grãos do País. Segundo cálculos divulgados durante a reunião pelo senador Gilberto Göellner (DEM/MT), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o Governo precisaria assegurar uma cifra de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões na lei orçamentária de 2009 para que os preços de comercialização das principais culturas agrícolas fiquem iguais ou superiores aos custos de produção e garantam rentabilidade ao produtor. "Hoje o Governo destina R$ 1,5 bilhão para o setor", disse o senador. Segundo o presidente da Comissão, José Mário Schreiner, "os instrumentos de sustentação e apoio existem, mas são necessários recursos". Por esse motivo, a sugestão de utilização de recursos orçamentários para sustentar uma política emergencial de sustentação de preços será discutida com os parlamentares ligados à atividade rural no Legislativo. No atual momento de crise, os produtores de grãos ainda não adquiriram 20% dos insumos para a safra 2008/2009 devido às barreiras encontradas para obter dinheiro para o plantio das lavouras, inclusive os recursos anunciados recentemente pelo Governo para ajudar a agricultura. "Ainda não tivemos notícia de que este dinheiro tenha chegado à ponta e o calendário agrícola está correndo", afirmou. Para José Mário Schreiner, a falta de fertilizantes, adubos e defensivos, entre outros itens do custo de produção, que aumentou em até 50% neste ano, aliada a possível redução de tecnologia, causará queda de pelo menos 5% a 7% na produção nesta safra. "Nesta estimativa de redução de 5% não é levado em conta o impacto do clima, que poderá atingir 2% a 3% da produção", ressaltou o presidente da Comissão. Na sua avaliação, os produtores poderão plantar em área menor ou usar menos tecnologia, alternativa que considera pouco recomendável. O presidente da Comissão da CNA revelou, ainda, que a estimativa de queda de produção em Mato Grosso é de 10% na soja, 40% no algodão e 70% para o milho. Segundo Schreiner, no caso do milho safrinha, não há nem planejamento de plantio, pois o produtor está descapitalizado. "Em outros Estados, também há cenário pessimista", alertou. Ele informou que a atual conjuntura levou apenas 20% dos produtores a fixar contratos futuros nesta safra. "No ano passado, este percentual era de 45% nesta época", afirmou.