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Produtores querem recursos do orçamento para sustentar preços na crise

Produtores querem recursos do orçamento para sustentar preços na crise


Garantia de recursos do Orçamento Geral da União de 2009 para assegurar mecanismos de sustentação de preço e apoio à comercialização e proporcionar renda ao setor agropecuário na atual conjuntura de crise. Esta proposta foi defendida pela Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reunida no dia 23/10, em Brasília, para discutir a situação dos produtores rurais nos principais Estados produtores de grãos do País. Segundo cálculos divulgados durante a reunião pelo senador Gilberto Göellner (DEM/MT), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o Governo precisaria assegurar uma cifra de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões na lei orçamentária de 2009 para que os preços de comercialização das principais culturas agrícolas fiquem iguais ou superiores aos custos de produção e garantam rentabilidade ao produtor. "Hoje o Governo destina R$ 1,5 bilhão para o setor", disse o senador. Segundo o presidente da Comissão, José Mário Schreiner, "os instrumentos de sustentação e apoio existem, mas são necessários recursos". Por esse motivo, a sugestão de utilização de recursos orçamentários para sustentar uma política emergencial de sustentação de preços será discutida com os parlamentares ligados à atividade rural no Legislativo. No atual momento de crise, os produtores de grãos ainda não adquiriram 20% dos insumos para a safra 2008/2009 devido às barreiras encontradas para obter dinheiro para o plantio das lavouras, inclusive os recursos anunciados recentemente pelo Governo para ajudar a agricultura. "Ainda não tivemos notícia de que este dinheiro tenha chegado à ponta e o calendário agrícola está correndo", afirmou. Para José Mário Schreiner, a falta de fertilizantes, adubos e defensivos, entre outros itens do custo de produção, que aumentou em até 50% neste ano, aliada a possível redução de tecnologia, causará queda de pelo menos 5% a 7% na produção nesta safra. "Nesta estimativa de redução de 5% não é levado em conta o impacto do clima, que poderá atingir 2% a 3% da produção", ressaltou o presidente da Comissão. Na sua avaliação, os produtores poderão plantar em área menor ou usar menos tecnologia, alternativa que considera pouco recomendável. O presidente da Comissão da CNA revelou, ainda, que a estimativa de queda de produção em Mato Grosso é de 10% na soja, 40% no algodão e 70% para o milho. Segundo Schreiner, no caso do milho safrinha, não há nem planejamento de plantio, pois o produtor está descapitalizado. "Em outros Estados, também há cenário pessimista", alertou. Ele informou que a atual conjuntura levou apenas 20% dos produtores a fixar contratos futuros nesta safra. "No ano passado, este percentual era de 45% nesta época", afirmou.