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Farsul destaca recuperação de preços agropecuários em 2010

Farsul destaca recuperação de preços agropecuários em 2010




A recuperação dos preços agropecuários de 2010 deve se manter em 2011, projetou o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, em entrevista coletiva de final de ano nesta quinta-feira. "Estamos simplesmente voltando à posição de um ganho normal ao produtor. A alta que tivemos foi sobre valores aviltados", afirmou. Para ele, os preços baixos dos últimos anos devem ficar para trás, devido à alta na demanda mundial por alimentos causada especialmente nos grandes países em desenvolvimento, os chamados Brics: Brasil, China, Índia e Rússia. A assessoria econômica do Sistema Farsul estima um crescimento de 7,2% no PIB do agronegócio gaúcho em 2010, representando uma retomada frente ao período de crise registrado em 2009. Governos Sperotto informou que já foram abertas as discussões com o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, sobre as três demandas principais do campo definidas em 2010: seguro agrícola, garantia de renda e solução de passivo. No que diz respeito ao seguro, Sperotto afirmou que a solução pode ser uma reformulação no Proagro. "Precisamos de um seguro real, e não apenas um seguro de financiamento", defendeu. Sperotto também revelou que deve se encontrar na próxima semana com o governador eleito do Estado, Tarso Genro, para tratar das demandas do campo. "Os avanços que obtivemos nos últimos anos estão lastreados no direito de propriedade. Esse é o inicio de conversa que devemos ter", antecipou. Meio ambiente Sperotto lamentou a decisão da Câmara dos Deputados de adiar a votação do código florestal brasileiro para 2011."Lamentavelmente, o projeto não será votado este ano. Isso nos preocupa no que diz respeito ter de rediscutir o assunto com um Congresso renovado em cerca de 50%, comentou o presidente do Sistema Farsul. Recém-chegado do México, onde participou da COP16, conferência mundial sobre clima, ele saudou o indicativo de criação de um fundo verde para financiar a preservação em países emergentes. Ainda chamou a atenção para o projeto Biomas, parceria da CNA com a Embrapa apresentada na COP16, que envolve um estudo técnico de nove anos sobre preservação dos biomas brasileiros. "Ao final do estudo teremos receitas efetivas, técnicas e regionalizadas, para produzir com preservação em cada bioma", afirmou Sperotto. O dirigente ainda destacou a preservação de solos promovida por agricultores do Rio Grande do Sul, onde o plantio direto ocupa quase toda a área de lavoura. Grãos Embora a Conab estime uma safra gaúcha de grãos menor em 2010/2011, de 23,269 milhões, ante aos 24,997 milhões recordes no período anterior, os preços podem compensar parte da perda. No milho, a seca no Centro-Oeste contribui para a alta nas cotações, diz Sperotto. "Vamos buscar a auto-suficiência no milho", afirma. Na região produtora do cereal e da soja, norte do Estado, os efeitos do fenômeno La Niña ainda não se fizeram presentes. Já para o arroz é prevista a recuperação na produção, após uma queda de 12% no Estado na safra 2009/2010, devido a fatores climáticos. Para o trigo, Sperotto afirma ser necessário segurar importações enquanto a safra brasileira não for vendida. Carne O preço médio do quilo do boi gordo saiu de R$ 2,44 no final de 2009 para R$ 3,00, atualmente. Ao mesmo tempo, o abate em 2010 encerrará com aumento de 24% na comparação com o ano anterior, segundo o Sindicato da Indústria da Carne. De acordo com o vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira, as secas no Centro-Oeste e no Sul, associadas ao aumento da renda média e da demanda do consumidor por carnes, estão por trás da recuperação de preços. Sperotto projetou que as cotações devem continuar estimulando os pecuaristas, e apelou para uma mudança de postura do consumidor frente à nova realidade de valores. "Numa carcaça de 240 quilos, apenas seis a oito quilos são de picanha e filé. Não podemos nos fixar nos preços desses cortes. Com o abate de animais de dois anos, como hoje, outros cortes têm qualidade. O consumidor deve aprender isso, e assim nivelar os preços", afirmou. No leite, Sperotto também apontou tendência de recuperação nos preços, atualmente em cerca de R$ 0,63, o litro. Já a ovinocultura, depois de o cordeiro chegar a ter preços abaixo do boi gordo, experimenta um novo boom neste final de ano, com o quilo vivo valendo até R$ 6,00. Aves e suínos A conquista do status de área livre de febre aftosa sem vacinação para Santa Catarina abriu novos mercados para o Estado vizinho, como o dos Estados Unidos, e deixa a oportunidade de o Rio Grande do Sul ocupar espaços naqueles mercados anteriormente atendidos pelos catarinenses. Na cadeia de aves, os atrasos de abastecimento e pagamento a integrados por parte da multinacional Doux preocupa Sperotto. "É chegada a hora de uma ação muito forte para resolver isso", afirmou.