Farsul

CNA pede agilidade em acordo com União Europeia

CNA pede agilidade em acordo com União Europeia




Em encontro com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, na Casa da Farsul em Esteio, nesta sexta-feira, a presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, e o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, pediram agilidade na negociação de acordos comerciais com a União Europeia e outros mercados. "Com ou sem Mercosul, nós queremos ir para a União Europeia, para a China, para qualquer mercado. Não queremos destruir o Mercosul, mas não queremos que o Mercosul destrua o Brasil, seja por vontades ou questões ideológicas". Ela ainda anunciou o projeto de criação de um fundo misto para promoção comercial brasileira, com participação de produtores, indústria e governo, que pretende detalhar futuramente. Kátia e Sperotto defendem mais atenção para o comércio internacional. "Para se ter ideia, no conselho da Apex, não está nem o Ministério da Agricultura, nem a CNA. Os maiores produtos de exportação são do agro e nós não temos espaço lá", complementou Kátia, relatando que já solicitou participação da entidade na Apex. "Temos câmaras temáticas de muitos produtos (no Ministério da Agricultura), mas a da exportação está desativada", lembrou Sperotto. "Temos de avançar no assunto do acordo Mercosul-União Europeia , porque os Estados Unidos estão com agilidade ocupando espaços. Se ficarmos a olhar, teremos dificuldades", afirmou Sperotto. Presente no encontro, a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos lembrou que a dificuldade de acordo bilateral reside principalmente no protecionismo europeu. Andrade destacou algumas conquistas recentes do governo federal na área internacional, como liberação de exportação de carne suína de Santa Catarina para o Japão, da exportação da soja transgênica para a China, da exportação de frangos para o México, além da negociação para liberação mútua para comércio de carne entre Brasil e Estados Unidos. "Não que interesse para o Brasil exportar para os Estados Unidos, ou que interesse para os Estados Unidos exportar carne para o Brasil.Mas estar qualificado a exportar para os Estados Unidos nos ajuda a exportar para qualquer parte do mundo", afirmou Andrade. Estudo demonstra que exportação de grãos movimenta economia O Sistema Farsul apresentou à presidente da CNA, senadora Kátia Abreu, estudo de sua assessoria econômica, demonstrando que a produção agropecuária tem alto valor agregado, e a produção de grãos é um grande negócio para o Brasil. Cada R$ 1 investido na agropecuária gera em média R$ 0,66, enquanto a indústria de processamento dos produtos do campo agrega em média R$ 0,20, aponta o estudo, com base em dados da Fundação de Economia e Estatística (FEE). "Ao contrário do que muitos acreditam, a agropecuária é, sim, uma atividade que agrega muito valor. Não há sentido em dizer que a agricultura é uma atividade primária, de baixo valor agregado. Um grão de soja movimenta a pesquisa, as indústrias de maquinário, química, farmacêutica, eletrônica, além de serviços especializados. A empresa rural não é uma atividade inicial, mas sim um estágio importante que faz girar a economia. É o motor do desenvolvimento", explica o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto. A taxa de adição de valor da agricultura é calculada em 66%. Entre as principais indústrias de beneficiamento dos produtos do campo, nenhuma chega próximo desse percentual. A de fumo é a que mais agrega valor (30%), à frente das de abates (18%), fabricação de óleos vegetais (18%), beneficiamento de vegetais (17%) e outras indústrias alimentícias (22%). "Por isso, exportar grãos é também um grande negócio, que movimenta o campo e toda uma cadeia industrial e de serviços que apoiam a empresa rural. Se pudermos agregar ainda mais valor aqui dentro do país, melhor, mas nada justifica políticas que prejudiquem a agropecuária e as exportações que têm sustentado nossa balança comercial", completa Sperotto. Por ano, a agropecuária gera R$ 27,7 bilhões de valor agregado no Rio Grande do Sul, e a indústria que abastece a empresa rural, mais R$ 161 bilhões. Ele ainda lembra que, se a economia brasileira tivesse crescido à mesma taxa da agropecuária entre 1980 e 2012, o PIB nacional seria R$ 1,1 trilhão maior, e o Brasil seria a quinta maior economia mundial (atualmente oscila entre a sexta e a sétima posição).