Farsul

Clube da Irrigação inicia experiências com a soja

Clube da Irrigação inicia experiências com a soja




Após três anos de estudos com lavouras de milho irrigadas, com uma produtividade média que chegou a 260 sacas de milho por hectare em 2011/2012, o ano de melhor desempenho, o Clube da Irrigação passará a acompanhar lavouras de soja na próxima safra de verão. Os planos foram revelados pelo presidente do grupo e chefe da Divisão Técnica do Senar-RS, João Augusto Telles, no I Encontro de Irrigantes por Aspersão do Rio Grande do Sul, realizado nesta quinta-feira (27/6), na sede do Sistema Farsul, em Porto Alegre. O evento constituiu a programação da 45ª Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio. Nas lavouras de milho implementadas com as diretrizes técnicas de manejo do Clube da Irrigação foi registrado um pico de produtividade de 321 sacos por hectare, em um talhão de 17 hectares de uma propriedade de Seberi, na safra 2011/2012 (na última safra, os números ainda estão sendo contabilizados, mas os resultados foram menores devido à influência da geada, frio e granizo). Agora, uma nova variedade de soja será testada. "O desafio é chegarmos a uma média de 120 sacas por hectares na soja", disse Telles. Ele ainda informou que no próximo ano estão sendo planejadas ações para levar técnicas de irrigação para pequenos produtores de milho e feijão. O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, defendeu a ampliação de iniciativas como a do Clube da Irrigação, do qual ele mesmo faz parte, levando experimentos para outras culturas e produtores. "Me sinto entusiasmado quando vejo a juventude participando dos dias de campo do Clube e quando vejo as empresas parceiras indo a campo, colocando os seus produtos para avaliação", afirmou Sperotto, lembrando que os resultados e técnicas usadas nos estudos do Clube estão disponíveis para todos os produtores. O assessor econômico do Sistema Farsul, Antônio da Luz, apresentou um estudo avaliando a meta do Clube de Irrigação de contribuir para que a área de sequeiro irrigada no Rio Grande do Sul passe de 130 mil hectares para 1 milhão de hectares em 10 anos. O investimento necessário seria de R$ 720 milhões por ano. Ele ainda apresentou a dificuldade de viabilizar irrigação por pivô em propriedades com menos de 50 hectares. Em pequenas propriedades, o investimento por hectare é de cerca de R$ 15 mil, enquanto, em grandes, de R$ 5 mil. Na parte da tarde, Carlos Henrique Dalmazzo, pesquisador da Monsanto, lembrou que além da irrigação é preciso um adequado manejo de todo o sistema, utilizando técnicas como plantio direto e agricultura de precisão, utilizadas nos estudos do Clube da Irrigação. O pesquisador da Esalq/USP Durval Dourado Neto falou sobre eficiência em sistemas de irrigação. Ele lembrou a importância de manter o teor de água o mais próximo o possível do valor mínimo necessário, otimizando o uso de insumos. Na parte da manhã, os debates foram sobre a legislação para obter licenciamentos ambientais de projetos de irrigação por pivô e sobre técnicas necessárias para melhorar o desempenho da lavoura irrigada por aspersão. O pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria Reimar Carlesso falou sobre os problemas enfrentados com a falta de mão de obra capacitada e sobre a perda do potencial produtivo que as lavouras sofrem quando não são manejadas adequadamente. "O sistema de rotação de culturas é fundamental, e aplicar o sistema de plantio direto, mais ainda", disse, confirmando que não basta a irrigação para aumentar a produtividade. Já o assessor do Sistema Farsul, Eduardo Condorelli, falou sobre as mudanças no Código Florestal brasileiro e sua implicação nos sistemas de irrigação a serem implantados no Bioma Pampa e na Mata Atlântica. Outro painel foi o do promotor de justiça do Ministério Público Estadual Alexandre Saltz, que alertou quanto à importância de os produtores conhecerem as leis estabelecidas para atuais projetos de irrigação. "É preciso organização por meio da formação de comitês de produtores e a formatação dos projetos públicos para assim tirar a política do papel e adequar a vontade dos produtores e dos órgãos regulamentadores", disse Saltz. O último painel da manhã foi do diretor do Departamento de Recursos Hídricos do Estado, Marco Mendonça, que falou sobre a água, plano de bacias e sobre o uso responsável do recurso.